quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Escolhas...




Ou isto ou aquilo foi um poema que aprendi cedo nas aulas de português... logo percebi pelo olhar de Cecilia Meireles que não da para fazer tudo ao mesmo tempo.. ou se põe o anel ou se calça a luva...
Já faz tempo que esse poema vive nos meus pensamentos, mas ultimamente tenho refletido bastante sobre as escolhas que temos feito num mundo tão cheio de laptops, mp4, ipods, ipeds e tablets.
Penso bastante nisso quando em especifico, fico plugada demais na internet e constato que por lá estão bastantes amigos virtuais. Todos nós conectados.
Se fico no facebook ou vendo meus e-mails ou mesmo fazendo uma pesquisa no google, logo não estou com meu filho, não estou lendo um livro ou mais, não estou respirando a realidade.
Com todo respeito as mídias sociais, ao benefício do Dr Google e as caixas de correio eletrônicas, a vida pulsa é do lado de cá do computador. E pulsa na velocidade do coração e não em bits recebidos e emitidos.
A infância não espera, o almoço tem sua hora e a vida ensina que o hoje, as relações mais bacanas são as vividas olho no olho.


Gosto de dar uma bisbilhotadinha no feed de notícias do momento, saber o que meus amigos da lista imensa que possuo estão pensando e muitas vezes me delicio com notícias da minha profissão. Fotos de familiares nos deixam com a sensação de proximidade, parece que estamos vendo nossas crianças crescendo aos nossos olhos.
Mas tudo isso não substitui o ombro amigo, a conversa de telefone e a visita com direito a chá e bolo de chocolate.
Estamos de fato nos equivocando? Nossas prioridades estão deturpadas?
Vez por outra escuto e mesmo falo: Essa foto vai para o Face... Se a televisão nos tempos modernos é a rainha do lar, com direito ao lugar mais nobre da casa, num pedestal cromado e bem no centro do rack e das atenções, o face está sendo o rei do lar, aquele que merece reverências e ser checado a cada minuto para saber as atualidades.

Confesso que ainda estou no bolo, no meio, na onda, mas me questiono se isso esta fazendo bem a mim e meus familiares, que muitas vezes se privam da minha companhia ou das minhas opiniões porque estou plugada, ligada, hipinotizada com informações alheias, ou seja, mais preocupada com meus amigos virtuais, que realmente existem na vida real, mas que deixo em evidência e menosprezo sem perceber a companhia de filho, marido, pai...

A vida vai convidando a gente a experimentar as novas tecnologias... Mp3 para correr já foi provado que além de causar danos a audição aumenta o risco de atropelamentos. Os nossos celulares agora são minicomputadores, e por terem também a opção de despertadores ficam nos nossos criados mudos. Malefício na certa. Ondas magnéticas no quarto também impedem o sono. O uso do celular em excesso também tem aumentado casos de tumores no ouvido, o neurinoma do acúscito. Tem até clinicas de recuperação para viciados em internet.


Penso muito naquela máxima: se te convidam por educação (e aqui não é educação mas intenção de vendas, marketing e lucros,) devemos também recusar por educação ( e aqui leia se sobrevivência, qualidade de vida, manutenção das relações e mais, respeito para conosco mesmos, que diante de tantos artifícios da tecnologia nos desrespeitamos nos mais íntimas convicções de vida.
Não sou uma alienada tecnológica, alias está em pauta na minha próxima aquisição um tablete, sim, aquele computador que a gente deita no colo... Fácil para ler uma página de jornal virtual.
Mas hoje tenho um pouco de parcimônia com meu uso da internet.
Faz-me lembrar do mito das cavernas, quando Platão conta que os que moravam na caverna e viam a vida apenas pelo reflexo de uma pedra, achavam que aquilo era de fato a vida. E lá fora a vida corria pungente e feliz. Quando saíram da caverna, vendo então a realidade, entenderam que o que viam lá dentro era um mito. Afinal ou uso as mídias sociais para ver o mundo passar numa caverna ou deixo tudo desligado e sinto o vento bater no meu rosto, brinco com meu filho e tenho dentro de mim muita história para contar... Fora da caverna!!!!!

Ou isto ou aquilo
Cecília Meireles


Ou se tem chuva e não se tem sol,

ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possaestar
ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo..
.e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender aindaqual é melhor:
se é isto ou aquilo.






sábado, 7 de janeiro de 2012

Desejos de ano novo.... ainda dá tempo!!!

Quando começaram a falar sobre o aquecimento global, cuidar dos recursos não renováveis e a biodiversidade, desde então, muitas ações estão sendo feitas. Desde economizar água , fazer xixi no banho ( há quem discorde), usar menos produtos industrializados, separar lixo e promover de fato a reciclagem de materiais, são alguns dos inúmeros exemplos que podemos adotar numa lista de desejos de um ano novo.
Um ano novo mas com problemas antigos, então a ordem é mudar a forma de pensar, a forma de agir e mais TER ATITUDE.


Sacolas Retornáveis
Falo isso por experiência própria já que durante uns anos para trãs fui juntando sacolas retornáveis mas elas nunca foram comigo para o supermercado. Só lembrava delas quando as via penduradas na área de serviço. A partir daí tive um estalo e comecei a espalhar sacolas na bolsa, no porta luvas do carro e deixar no meu trabalho. Apareceu uma compra para fazer, elas estão lá a disposição agora.



Alimentos
Outra coisa que sempre vi na minha rotina de casa é que sempre joguei fora muitos alimentos, que ou comprei demais, ou passaram da validade, ou sei la’. Então hoje forçada também a me limitar a duas sacolas retornáveis, uma em cada ombro, procuro comprar menos. Economizo e me sinto muito melhor em não jogar alimentos fora por desorganizaÇão e indiciplina nas minhas compras.



Caronas
Esse ano que passou fiz muito uso de carona. Procurei deixar o carro em casa em alguns dias e ou fui caminhando, o que me ajuda na questão saúde ou peguei carona com quem ia para o mesmo lugar. Me senti muito bem afinal além de economizar combustível, diminuir a emissão de poluentes no ar, também pude conversar mais e fazer exercicios.


Plásticos na cozinha
Eu sempre tive mania de comprar potes de plastico para guardar comida na geladeira e esquentar no microondas. Estava errando nos dois sentidos. Usar plasticos faz mal. Aquecer comida neles pior ainda. Devagar estou abolindo os plasticos e partindo para o vidro. Durável e eterno.




Refrigerantes

Sei que isso é bem particular e que cada um cuida da própria saude mas é de senso comum que mesmo que seja imensamente refrescante o refrigerante, quer seja ele de cola, guaraná ou outro tipo contem gas e muito corante e conservante. Neste ano que passou conseguimos parar de comprar refrigerante para consumir em casa. Sem radicalismos, se estamos fora e só tem refrigerante a gente toma, mas agora só entra suco em casa. Estamos nos sentindo bem melhor!!!

Porque são pequenas atitudes, mas se somadas no total faremos a grande diferença. Por nós mesmos!!! São meus desejos, velhos desejos mas com o frescor de coisa nova.

O limoeiro estéril ou a mexeriqueira revoltada

Esse causo minha irmã já contou mas causo bom mesmo a gente conta de novo. E eu que sou da família dos contadores de causos vou fazer a minha parte.
Foi assim: durante anos a fio minha mãe tinha um jardineiro que cuidava do quintal e que teimava em chama-la de Dona Ines. E o nome de minha mãe era Marlene.
Então a gente se referia ao jardineiro por Dona Ines, num trocadilho de nomes que ele mesmo fazia confusão.
Um dia minha mãe cansada de esperar que o limoeiro que plantara quando recem mudamos, desse frutos, resolveu perguntar para o Dona Ines o que ele sugeria para que o pé desse frutos.
-Olha dona Ines, eu acho qeu a senhora devia dar uma surra na planta.
-como? Bater no limoeiro? Mas com o que?
-Ah, pega uma cinta e manda ver. Sova bastante ela que logo ela dá frutos. É tiro e queda.
Minha mãe desconfiou das orientações já que parecia mais um costume popular do que ter realmente fundamento cientifico. Acatou, resssabiada mas guardou a preciosa informação.
Um dia realmente se encheu de esperar pelos limões e pegou um pedaço de mangueira de água, e foi la no limoeiro e mandou ver.
Bateu sem dó. Alias, pensou ela, mal nao ia fazer. Sentir dor ele nao iria sentir... Até pesquisou que isso poderia estimular alguma seiva no seu caule e talvez fizesse sentido.
Passaram se algumas semanas e olha o que nos aparece no quintal...
Limões? Nào... Mexericas..


Talvez a árvore não dava frutos por estar extremamente revoltada de ser chamada de limoeiro.Era uma mexeriqueira.
Essa mexeriqueira dá frutos até hoje mas confesso que são como limões... azedas e impossiveis de serem degustadas.
Foi a desforra da planta!!!!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Procissão na madrugada com uma criança cansada.




Desde que fui anjo numa procissão, com meus 5 anos de idade, nunca mais participei de tal evento.
De longe eu era o anjo mais encardidinho. Isso mesmo, minhas vestes, assim acho melhor denominar do que fantasia, eram mais amareladas do que a dos outros anjos que compunham a frente da procissão.
É que quase para sair o cortejo, eu cheguei com meus pais na cidade. Era um feriado prolongado e minha família resolveu passá-lo em Pirangi. Minhas primas iriam participar vestidas de anjo e minha avó vendo a enrascada que estava envolvida, tratou de procurar algo para que eu também pudesse participar.
Em seus guardados de anos, acabou por achar de última hora uma roupa de anjo, por sorte do meu tamanho, porém bem amarelada pelo tempo. Eu criança que era , adorei o jeito que minha avó deu para que eu pudesse estrelar na procissão de anjo.

Lembro de Barrabás e da Verônica, uma moça de cabelos compridos que cobria também seu rosto.

...
O tempo passou e agora com um filho de cinco anos resolvi reviver a situação que tanto me marcara, participando com ele de uma procissào muito tradicional em minha cidade, que passava a noite em romaria até o distrito de Bonfim Paulista.
Já não iriamos tornar a vestir de anjo meu menino. Era para ele também vivenciar aquilo que para mim foi de grande valia.
A romaria era outra, na verdade era a procissão de Nossa Senhora Aparecida e mesmo meu marido não concordando, deixou nos à meia-noite na porta da Cãmara Municipal, local de saída e concentração dos fiéis.
Meu filho todo animado, para ele fazia muito sentido afinal estudara em colégio católico e rezar terços , aves marias e pai nossos eram muito rotineiro para ele.
Começamos o nosso caminhar e logo meu filho pediu colo. Mas estava muito cansada e logo eu quem resmunguei:
-Aguenta um pouco ai menino, estamos apenas começando o caminho.
Um senhor que estava ao nosso lado e tinha se curado de um grave problema na coluna, todo solicito se ofereceu para carregar o menino um pouco.
Fiquei com vergonha e ao mesmo tempo preocupada: Será que ele realmente havia sarado do problema?
-Pode ficar sossegada, é a prova que minha fé me curou! Vou carrega-lo até Bonfim.
E assim foi até começar a suar e com isso meu filho incomodado com seu braço melado e suor pingando pediu para descer.
Como já estava descansada peguei ele no colo e fomos ate próximos a vicinal do horto.
Lá já estavamos todos empenhados no terço e rezar padre-nossos e ave-marias era quase que uma cantilena.
Meu filho também já tinha decorado as oraçóes e foi junto com o coro fazendo sua parte.
O caminho realmente foi longo mas meio que protegidos pelas orações conseguimos chegar.
Os pés já nao sentia mais. Bolhas e dores por toda a planta do pé porém a fé e a vontade de chegar era tanta que nem sentiamos as dores direito.
O sol já começava a raiar quando chegamos em Bonfim Paulista. Logo na entrada já subimos uma rua bem íngrime e o senhor da coluna curada voltou a me ajudar com meu filho. Neste momento rezei mais pela coluna do senhor para que não voltasse a doer.
Neste momento avistamos a capela de Nosso Senhor do Bonfim e por lá era uma festa.
Revoada de pombas brancas e muitos fieis por lá nos esperavam com chá quentinho e bolacha maizena.
Para as crianças tinha bala e pirulitos.Meu filho sonolento entusiasmou-se com tantas guloseimas.
Sentamos num banco para assistirmos a missa tradicional e logo meu marido chegou para nos buscar.
Saimos de lá com a sensação de dever cumprido. Na verdade foi mesmo para relembrar uma procissão e para meu filho conhecer como existem várias formas de exercer a fé.
Uma grande experiência.

Tia Lavínia e o sorvete

Minha mãe sempre nos contava essa história.

Que ela tinha uma tia, a tia Lavínia. E dentre tantas coisas: bordava como ninguém, ajudava minha avó quando tinha nenê, que á propósito teve doze, era mesmo uma abnegada... e o mais surpreendente: que ela não gostava de sorvete .Porém nunca tinha experimentado.

Pensava eu: tonta...

Com todo respeito a essa tia avó que nunca conheci, nem mesmo por foto, mas como não gostar de algo que nunca experimentou? E mais, se ela soubesse que sorvete era a coisa mais gostosa do mundo será que mudaria de idéia? Ou mesmo assim teria morrido sem ao menos experimentar tamanha orgia gastronômica?

Nesta mesma época que conheci a tia Lavínia-que-nunca-tinha-tomado-sorvete, iamos muito na famosa Sorveteria do Geraldo, bem perto da minha casa. E quase sempre com meus irmãos.Eramos clientes assíduos nas noites de verão ribeirãopretanas. Às vezes iamos buscar sorvete para tomar em casa, sentados na varanda conversando sobre amenindades.

E eu, como irmã mais velha pegando gancho na tia Lavínia, me gabava por ser a mais velha e a que tinha tomado mais sorvetes que meus irmãos. Nunca contei esse orgulho besta...Agora vão saber.

E também pegando carona na tia que não gostava de sorvete sem nunca ter tomado, mais que isso, hoje penso nas pessoas que não gostam dos sorvetes da vida, sem nunca terem provado.

Uma viagem de avião, um emprego novo,ou mesmo uma comida diferente.
Vão para o túmulo sem ao menos ousar algo bom. Talvez desconheçam por medo, por falta de ousadia ou mesmo por ter tido uma educação que nunca permitiu ser diferente.

A senhorinha, o pudim e a dona da padaria



Durante meses eu tomava um café da tarde, quase ajantarado numa padaria que ficava no caminho de um compromisso que tinha ao sair do trabalho semanalmente.
Sentava numa mesinha, pedia leite com chocolate e pão com manteiga.
Naturalmente frequentando aquela padaria pelo menos uma vez na semana fiquei a conhecer e a me acostumar com os fregueses que por ali faziam suas compras naquele horário.
O moço da bicicleta que ainda de uniforme parava e comprava uma esfirra. O senhor que comprava pao, leite e um maço de cigarro. A moça com o filhinho no colo depois andando passava para pegar pão, mortadela e uma pet de refrigerante. E uma respeitável senhorinha puxando um carrinho de feira que comprava sempre um pudim.
Mas algo me encabulava.
Quando a velhinha chegava apenas a dona da padaria quem se destacava para atendê-la. As outras atendentes esperavam e chamavam pela D.Lúcia.
E cordialmente a senhorinha escolhia o maior pudim, aqueles de leite condensado com calda de açucar caramelado e pacienciosamente D.Lúcia embrulhava em um papel diferente dos da padaria. Pegava um papel pardo e delicadamente fazia o pacote.
A senhorinha agradecia e se encaminhava para o caixa.
Um dia resolvi botar fim á minha pulga que teimava em ficar atrás da orelha:
-D. Lucia, porque mesmo a senhora não embrulha no papel da padaria o pudim daquela senhorinha?
-Ah menina, quer mesmo saber porque? É que ela vende pedaços do pudim no bairro dela. Então ela não quer mostrar que compra na padaria. Então ela fez um pedido para que eu sempre embrulhe em um papel diferente para ninguém descobrir seu segredo.
Não tive palavras, alías nem deveria ter. Afinal era um segredo mas mais que isso, era um pacto entre D.Lúcia e a senhorinha vendedora de pudim.
Achei no mínimo interessante seus pudores, de querer sobressair perante a vizinhança fazendo promessa com os joelhos de outra.
Mas preferi não me pronunciar diante de tal pacto. Afinal, era seu ganha-pão. Ou melhor: ganha-pudim!!!!