sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Crônica de várias noites mal dormidas…

Pois bem. Nada bem. Já fazia noites e mais noites que um som alto, proviniente de um carro com um inútil passava perto do meu prédio por volta das 4 da manhã e me acordava. E eu ficava praguejando aquele infeliz que com tamanha insensibilidade deveria acordar outros moradores da redondeza.
Foram muitas noites assim, acordando e tentando dormir depois que a música alta, de mal gosto e estrondosa cessasse.
Uma madrugada eu me irritei tao profundamente que levantei , abri a janela e flagrei o trambolho que me irritava: uma caminhote com um ser dos mais pestilenciais. Consegui também ver que ele morava no prédio ao lado do meu, e consegui ver até onde ele guardava seu carro de som da madrugada. An otei mentalmente e voltei a deitar, porque dormir era demais impossível, estava a ferver de raiva.
O tempo foi passando e ou ele mudou do predio vizinho, ou mudou de hábitos ou meu sono ficou mais pesado.
O que posso referir é que não mais escutei o tal vizinho causador de insônia em mim e vários apartamentos ao lado.
Essa noite, num sobressalto acordei com a tal música alta, a música do vizinho infeliz, e resolvi que algo iria fazer.
Resolver aquele embrólio para mim e para o resto do condomínio que dirá os moradores do condomínio dele.
Era na verdade uma decisào de final de ano... Não aguentaria passar mais um ano acordando de sobresaltos toda noite. Ou ficar esperando a noite que ele passaria com seu carro de som.
Então fui até a guarita do meu prédio do barulhento assuntar.
- Você sabe me informar quem é o porteiro da madrugada do outro prédio?
- Sei sim senhora. Ele fica até as 8. Depois outro porteiro que pega.
-Pega? Como assim?
-Que pega no serviço.
Eram examente 7:30 da manhã. Dava para ir , a passos largos, perguntar sobre o tal barulhento da madrugada. No caminho fui ensaiando como iniciaria a conversa sem que pudesse ao menos levantar suspeita ou ser entregue pelo porteiro.
No meu imaginário fazia a idéia de um playboy baladeiro, que quando me acordava estava voltando das noitadas. E passava o dia todo a dormir para se recuperar dos Randevus que se submetia a ainda por cima deixavam todos os vizinhos com olheiras por dias e dias.
Cheguei na portaria. Respirei fundo e comecei:
-Bom dia! Gostaria de saber porque uma caminhonete chega toda noite com música alta.
- Ah, o dono dela coleciona broncas de todo mundo viu..
-Hunf.. me acorda toda noite...
-É que ele sai do plantão em Serra Azul, e para não dormir na estrada liga a música alta.
Neste momento me senti um lixo. Não, me senti meio lixo.
-Ele é médico? Qual especialidade?
-Ele trabalha de intensivista. Socorre pessoas que sofreram acidentes na estrada.
- E morre de medo de morrer nela também ne?
-É. Por isso que vem com a música no talo. Pra não dormir.
-Então deixa um recado pra ele?
-Pois não. Mas só vou entregar quando ele acordar tá? Senão to enrolado...
-Deseje a ele um Feliz Ano Novo!E pergunte e a ele se não dá para escutar a música de janelas fechadas pelo menos...
-Falo sim. Mas ele fica de janelas abertas mesmo porque além de não ter ar condicionado , o vento batendo na testa é mais uma ajuda para não dormir!
-Então tá.Feliz Ano Novo pra ti também!
E sai de lá com outra visão sobre os meus despertares. Desta vez um pouco mais disperta. Para os motivos que cada um tem para agir.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Filé e Zeca

Filé e Zeca são dois cachorros de um grande hotel de Minas Gerais. Seriam apenas dois cachorros de hotel se não tivessem algo a ensinar a quem tivesse olhos de ver...




Filé, um labrador de quase 80 quilos, preto e castrado. Talvez por ser castrado ficou tão obeso. Se deitava escarrapachado próximo a uma parede , especialmente uma, a que passava a tubulação de agua quente, propositalmente para se aquecer.
Segundo conta a lenda, era um namorador de primeira, deixou filhotes por todas as paragens da redondeza. Mas andou levando uns cascudos por ai e resolveram castrá-lo.
Filé já sabia dos horários do restaurante do hotel. Se posicionava na saída, para ganhar pão de queijo e guloseima dos hóspedes de bom coração e das crianças que queriam desovar o presunto..
Um canino bonachão porém muito preguiçoso e bastante vagaroso devido seu peso. Desproporcional para um garanhão de outrora...A meu ver, sofria pela vida de prazeres da boa mesa apenas...







Zeca, um boxer esbelto, naturalmente mais novo que Filé e de cor caramelo.
Um cão andejo, de natureza desbravadora, gostava muito de acompanhar o grupo de hóspedes metidos a atletas pelas trilhas próximas ao hotel.
E foi numa destas trilhas que conheci um lado interessante de Zeca...
Passavamos por uma estrada de terra e Zeca sempre atrás para nos proteger. Num dado momento, cachorros da cercania, mais precisamente de um sítio local começaram a latir vorazmente deixando o grupo desconfortável com relação a segurança.
Zeca, tomou atitude de guardião se aproximou do cachorro líder do sítio, um pastor alemão nervoso que solto, continuava a latir. Nosso defensor não latiu, não avançou. Apenas olhou. Um olhar que entre cães deveria ter um grande significado. Os latidos foram cessando e continuamos nossa caminhada.
Mas algo ficou para mim, estudiosa que sou da comunicação e em especial da comunicação não verbal. Olhar. Como podemos dominar por um olhar, por um gesto.
E continuei a acreditar que cão que late não morde...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Tudo por um sorvetinho



Eu e minhas manias de bater pernas, camelar. Quando eramos crianças , eu como irmã mais velha tinha incumbência de levar meus irmãos no dentista. Meu dentista ficava numa região e o dentista dos meus irmãos em outra, ambos na região central de Ribeirão Preto. Mas mamãe dava dinheiro para nos locomovermos de ônibus para não nos cansarmos.
Eu que sempre fizera caminhadas pensando nos benefícios já ia convencendo os pequenos de camelar um pouco e assim tomarmos um sorvetinho no final do caminho.
E com isso era uma "sagaz convencedora de crianças": só mais dois quarteirões...
Nisso minha irmã , a mais nova , com seus cambitinhos não se aguentava e já logo ia chorando me retrucar:
-Já faz um tempo que só dois quarteirões e nada de chegar Samy...
-Calma. Agora realmente faltam apenas mais dois.
...
Esses dias me pego repetindo a saga, agora com meu filho.
Era uma tarde quente de verão ribeiraopretano e ele querendo tomar um sorvetinho me pediu para irmos na sorveteria.
- Vamos sim, a pé.
-Ah, mãe... to cansado, falta muito?
-Só dois quarteirões filho.
-Mãe , já faz tempo que você disse que só dois quarteirões mãe.... e nada....
Pausa para risos...
Lógico que a sorveteria chegou e tomamos um grande morango split.
Valeu a pena....
Mas a volta? Foi no colo...

domingo, 11 de dezembro de 2011

Violetas e girassóis

Minha mãe sabiamente usou da metáfora das flores para me orientar na adolecência sobre a forma de me portar e vestir.
Era um sábado a noite e teria “brinca” na minha rua. Eu estava animadíssima para ir dançar na garagem da casa da Elza. Era aniversário da Angélica, e muito som ia rolar.
Minha mãe vendo eu me aprontar para a festa, foi com muita sutileza e disse:
- Filha, não coloque a mini-saia não. Vá de calça comprida.
-Mas mãe, tá calor e eu quero ir com a minha roupa nova.
- A mocinha deve ser como violetas ,que para serem admiradas, deve-se chegar perto e olhar com cuidado e não como girassóis que de longe se vê a presença.
Não precisou  de muito para que eu fosse convencida de que deveria me vestir mais reservadamente para aquele evento da minha adolecência..
Ainda disse:
- A roupa pode enganar. Você tem apenas 13 anos e se um mocinho chegar para conversar contigo com uma roupa mais extravagante pode parecer que tenha mais idade. Isso não vai ser legal para você...
Neste momento preferi acatar a visão de mundo de minha mãe e fui mesmo chateada com calça e blusa, mas fui dançar na brinca da rua.
Entendi a preocupação de minha mãe quanto a postura das adolecentes quando vestidas de roupas curtas e as vezes equivocadas.
Também entendi a metáfora das flores, e acredito que se toda mãe tivesse a preocupação que a minha teve ao me orientar quanto a vestimenta , uma série de situações poderiam ser evitadas com meninas altamente produzidas mas com mentalidade infantil ainda.
Não sou moralista nem mesmo acredito que só a roupa pode determinar as nossas ações, mas sabemos que a forma de nos vestir é um tipo de comunicação, talvez um aval , um ok, uma senha.
Hoje mais do que nunca sei quando devo me portar como violetas ou como girassóis. Cabe a cada situação. Só que hoje sou senhora das minhas ações. Sou adulta e sei bem o que quero comunicar através das minhas vestes.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Pão de Queijo



Esses dias pensava no motivo de eu gostar tanto de pão de queijo. Comecei a relembrar que, na época da faculdade estudei numa cidade que embora ficasse no estado de São Paulo, convervava muito a característica e hospitalidade mineira: FRANCA.
E por lá o pão de queijo sempre fora muito usual, aliás nas cantinas era a tiéte.
Mas não.
Não fora lá que peguei o gosto pelo pãozinho temático.
Também comi muito pão de queijo na cantina do SENAC, quando fazia datilografia. Nossa... o que é isso diriam os mais novos... Deixa para lá.
Lá também não foi o motivo de gostar tanto do danado do pão de queijo.
Então puxei mais um pouco a memória e lembrei da época em que tinhamos uma tia materna em casa a Tia GRACIETE e que ela fazia muitos bolinhos de polvilho. Eram quase pães de queijo, apenas um pouco mais duros com uma crocância que quase quebrava o queixo.
Mas também não era.
Entao me recordei com doces lembranças que quando éramos todos bem catatauzinhos, eu e meus irmãos.
Foi nesta época, nas idas aos pediatras e demais médicos que passavamos quando crianças, que ao sair do consultório com boas notícias minha mãe dizia:

-Vamos comer um pão de queijo? Afinal né , está tudo bem com minhas crianças.

Doces e ternas lembranças de quando celebravamos nossas saúdes com um pão dequeijo na mãozinha da cada um e um copão de suco de laranja.

Então, agora refrescada minha memória sobre o real e verdeiro motivo de gostar, apreciar e elaborar tanto o pão de queijo, hoje ele tem um sabor mais que especial.

Lembrar de minha mãe que diante da simplicidade da vida, fazia a todos nós valorizar, agradecer e comemorar a nossa saúde!!!!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A tal da lição de casa….






Afinal. Lição de casa é para o estudante ou para os pais?
Por anos a fio, enquanto minha visão de mundo da liçào de casa só me permitia ver com olhos profissionais: eu falava de boca cheia que era muito fácil e ainda dava palestras sobre o tema.
Até que eu me tornei mamãe e muita coisa mudou na minha pequena, fantasiosa e equivocada visão sobre os deveres de casa.
Quando eu somente tinha a postura profissional envolvida, eu me assegurava de um livro cuja autora discorre o tempo todo em como ajudar seu filho nos deveres escolares.
Eu achava que aquilo era o bastante para encarar diariamente os deveres escolares.
Vamos lá: dever escolar é a fixação do aprendizado. Certo? Então quem faz é a criança.
Pausa para pensar... refletir e rever os valores.
Tem que ser em um ambiente tranquilo, livre de qualquer ruido e aqui vamos elencar: rádio, televisão, celular, ipad , ipod, mp3, 4. etc.
Tem que ser numa mesa, pode ser da cozinha, desde que esteja livre de qualquer objeto, limpa. Pode ser na escrivaninha do quarto da criança ou mesmo no escritório caso exista esse comodo na casa.
Mas tem que ser ambiente livre , inodoro, sem qualquer atrativo para se executar aquilo que é de fundamental importancia para o bom andamento escolar.
Numa lição de casa se enxerga o funcionamento da casa. Se enxerga o quanto os pais se empenham na tarefa de possibilitar a aprendizagem, não em executar a tarefa do pequeno.
Então, mal feito, feito pelas metades ou lindamente executado é a criança quem deve fazer. Mesmo que para a professora , ao receber algo inacabado, ela terá condições de entender o quanto o aluno está compreendendo, indo bem ou mesmo precisando de ajuda específica. Caso contrario os resultados ficam maquiados, se os pais , responsáveis ou irmãos mais velhos façam pela criança.
E agora quero falar da minha experiência com as lições de casa: como sempre , tudo que se refere a filhos, fases, etapas, evoluçòes, estou em processo.
Afinal tenho um filho de 5 anos, menino, que gosta de brincar , e para tanto, faço uma manobra quase que de malabarista para que o momento liçào de casa seja o mais gostoso. Ainda não é. Mas como sei que essa função de mãe perdurará por anos a fio, ano que vem estaremos em nova etapa. E tudo será diferente.
No quesito sentar e se concentrar. Porque continuo sendo uma mãe mediadora, buscando a organizaçào do material e positiva.
Sim, essa é a atituda de qualquer mãe que queira ser util e adequada no processo de liçao escolar.
Afinal, a nossa liçào de casa é possibilitar uma lição de casa dos filhos adequada!
Essa é a nossa parte. Só esta. Nào tão pequena, mas singular.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O movimento da vida





Uma coisa que gosto de observar e o movimento da vida das pessoas. Algo como a modificação que o tempo causa , a maturidade chegando, as experiências como divisores de águas e porque não as dores como alavanca para uma significaçào melhor de vida.
Ele era repórter e hoje é político. Ela era farmacêutica e hoje psicóloga. Também tem o motorista de ônibus estudantil que se tornou sociólogo. São tantos casos. Tenho certeza que você deve estar elencando seus exemplos também.
Quando eu era criança, quase adolescente achava erroneamente que isso era sinônimo de indecisão ou mesmo fraqueza.
Mesmo na época da faculdade quando uma colega desistia do curso para tentar outra carreira, eu equivocadamente julgava que não tinha sido perseverante ou mesmo nao sabia certamente do que gostava.
Hoje, balzaquiana, mãe e observadora da vida, me pergunto se demora tanto para a gente mudar de opnião assim como mudar de profissão.
A vida não é estática. Hoje temos uma visão da vida que ontem não tinhamos. Penso muito por minhas experiências. Antes de ter um filho eu adorava trabalhar muito. Sempre quis ter meu consultório cheio e se tinha tempo ja preenchia com alguma atividade para não ficar parada. Até aos sábados eu tinha muitas atividades profissionais.
Hoje minhas prioridades mudaram. Trabalho sim, gosto, amo o que faço mas não penso tanto na quantidade, nem nas minhas superações numéricas. Penso em exercer bem a minha profissão mas doso meu tempo com a função da maternidade.
A maternidade é divisor de águas na vida de qualquer mulher. Sim, afirmo categoricamente porque desconheço qualquer mulher cuja vida não mudou em todos os sentidos de sua vida.
Morava em apartamento e sonha em viver a velhice em uma casa. Ou passou a vida inteira numa casa grande e hoje quer a segurança de um apartamento.
E assim a dança da vida, valsa para alguns, samba para outros ou rock para quem se identifica vai convidando a todos indistintamente a dançar pelo seu movimento.
Feliz de quem percebe isso uma dança, e move o corpo no ritmo musical e nào se estagna, como se tivesse um cabo de guarda chuva nas costas teimando em se curvar.

A arte de apelidar




Na minha casa, quando criança ainda, sempre que podiamos, recorríamos carinhosamente a apelidos para se referir entre nos mesmos.
Eu sempre fui a Loirinha , que já teve sobrenome Ardida, em tempos longíquos fui a Benção Divina... fico a me perguntar porque perdi tão angelical apelido. Talvez porque sou dialética e tenho dentro de mim o bem e o mal...
Minha irmã a Pretinha porque foi a única morena da casa e seus cabelos realmente eram e ainda são pretinhos. Naquela época nao era pecado se referir assim a alguém. Ela conseguia ser bem criativa: Nina, Nerciça e Ferdinando para o famoso Ferroca.
Pio meu irmão do meio, Mir , meu pai e Gatona minha mãe. Apelidos carinhosos com um motivo de ser no momento mas que agora a memória não ajuda para explica-los.
Também estendiamos essa tradiçao familiar aos nossos amigos, chamando um de Tulusão , outro que adorava beijar de Beijoco e até o pintor de Luly. Lógico que isso era bem respeitoso e saudável, quase um código familiar já que não abriamos nem expandiamos isso para os quatro ventos. Era um segredo de estado.
Mas isso foi crescendo, e alguns apelidos pegaram mesmo. Hoje sou a Samy, o Pio perpetuou e mesmo que a Gatona hoje nos olhe de cima de alguma núvem já adquiriu um novo e carinhoso apelido do seu primeiro neto: Vó Kinininha.
Ele também não escapou dos apelidos dos tios: neido, móido. O avô também acrescentou Lolinho e o pai sempre o chama de Zé.
Eu como a mãe sempre fiquei de butuca esperando minha oportunidade de retribuir os apelidos carinhosos do meu filhote. Sendo tia um dia seria bem gostoso ajeitar uns codinomes...
E como a cegonha tarda mas não falha, esse ano Deus nos presenteou com dois nenes na familia, já que meu primogênito estava reinando demais por essas paragens.
Agora estou satisfeita. Posso deitar e rolar nos apelidos, carinhosos a propósito mas que só uma familia acostumada com tal prática tem a excelência em fazer.
Assim, vamos perpetuando a tradição e espero que meus sobrinhos peguem leve ao apelidar essa tia que estava chateada de não ter ficado para titia...

Besta, almofada e mingau.


Brodosqui, 1977.

Eram três primos crianças, entre cinco e dez anos: João Virgilio, Ulisses e Cláudio. Como todo menino da época eram viciados em Fórmula 1. Eu era a prima menina de dois anos que ora estava de passagem na casa deles. Para quem não se lembra, uma criança de dois anos está em fase de aquisiçào e desenvolvimento de fala e linguagem.


Depois do almoço, sentados no sofá, assistiam o programa esportivo, e nervosos porque o Fittipaldi ou o Piquet não tinha alcançado a pole pósitron, jogavam com força a almofada no chão. Nuum acesso de ira e gritavam:
- Besta!!!!

Para uma criança que está aprendendo as palavrinhas, não precisou de mais nada para que eu associasse que BESTA significava almofada.
E por ai foi, até que um dia pedi para o mais velho:
- João, me da a besta:?
-Que isso menina, não fala bobagem...
Como ele não entendera eu mostrei para ele pegando a almofada e jogando no chão:
- Besta...
Ele morreu de dar risada, chamou a mãe, Corina para mostrar o que havia escutado e todos eles riram muito do fato.
A mãe dos três, minha tia, me ensinou o verdadeiro sentido daquela coisa quadrada de tecido que ficava em cima do sofá. Entendi então o nome verdadeiro : almofada.
Mas para mim, pequena aprendiz que teve como professorezinhos três meninos que já verbalizavam suas raivas e emoções, me deixaram um olhar diferente sobre o fato de jogarem a besta no chão.
Era época de safra de milho e minha tia fazia um curau como ninguém. Porém em Brodosqui ninguem conhecia como curau, e sim como mingau.
Depois do almoço ela chegava na sala, com todos os meninos a postos para jogarem a tal besta no chão, e perguntava:
- Quem vai querer mingau?
Meu pai , que por ali estava agradecia.
- Deixe para as crianças. E intimamemente se bem o conheço devia pensar assim: ecati...
E a semana foi se seguindo.
-Quer minguau Paulo? Está acabando hein.
A mesma resposta se seguia.
-Deixa para as crianças.
Na sexta-feira ela reforçou:
-Olha o minguau de milho está acabando Paulo... eu sei que você gosta...
-O que ? Era mingau de milho? Eu adoro... mas conheço como curau.. Porque você não me disse que era curau?
- ‘E que aqui a gente chama de mingau...
-Mas eu sou uma besta mesmo...
Olhei tácita, para ver o que se referia de novo a tal palavrinha que para mim era o significado de outra coisa. Realmente ele tinha chegado atrasado na poli position.E podia com toda razão jogar a almofada. Tinha se passado por besta...

Quem ensina quem.







Afinal, quem ensina quem no curso da vida?
Quem ensina quem, é o que vemos hoje em dia quando nos deparamos com as crianças que hoje habitam nosso planeta...
Não vou restringir isso a maternidade, tema esgotado e óbvio quando dissemos que os filhos nos ensinam. Pura verdade. Mas quero ir além.


Quem ensina quem quando numa aula, a professora se depara com um aluno que pensa , funciona e age de forma diferente do restante da sala?
Quem ensina quem quando somos colocados em cheque quanto aos nossos valores já que tudo o que pensamos pode ser mera convicção cultural, religiosa, regional?
E numa empresa que ainda nos moldes antigos de funcionar recebe um novo funcionário recém formado cheio de conhecimentos e técnicas novas para aplicar?
Conflito de gerações são comuns, ainda mais hoje quando nos deparamos com os baby boomers, x , y e z.
E cada um com sua peculiaridade e forma de pensar e funcionar. Tai uma interessante forma de aprender uns com os outros. Mas para tanto precisamos de vontade e disposição interna.
Aprender é um convite. Quando crianças somos empurrados ao aprendizado. Sim. Pois se papai e mamãe não nos levasse na escola para aprender o beabá, ficariamos aprendendo apenas amenidades, não menos importantes para a vida, mas que no mundo de hoje não salva e nem forma ninguém.
Depois de adultos também somos convidados a aprender. A duras penas as vezes, de forma leve em outras ocasiões. Mas sempre que aprendemos quando adultos já não é com o frescor da criança.
Já temos que jogar fora o ensinamento velho, que ora não mais funciona e trocar por um novinho, atual, que se ajeita muito bem nos dias atuais.
Penso nisto com relação as tecnologias, que para os representantes da geração x y e z são ferramentas quase que essenciaism para os baby boomers( pessoas com mais de 50 anos) parece uma tralha a mais para complicar a vida.
E quem vai ensinar os baby boomers a mexer nos Ipads, ipods mp3 ou 4? Os mais novos. Os que aparentemente são desprovidos de conhecimento, talvez apenas o conhecimento de mundo. Mas ensinam a incluir nas nossas atividades cotidianas as tecnologias a nosso favor.
....
Um pai de sessenta anos sentado para tomar seu café da manhã, pega seu jornal e começa a ler. O filho de vinte e poucos anos chega para tomar também e diz:
- Quando mesmo pai você vai parar de ler noticias atrasadas? Toma meu tablet e veja as atualidades.



Quem ensina quem mesmo?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A nossa fibra









Sempre penso no porquê que nós, mulheres modernas , que num dado momento da História numa praça repleta de mulheres revoltosas de suas condições sócio –afetivas , queimaram os sutians num ritual de tentar sermos iguais aos homens.
Até uma certa fase da minha vida eu achava isso o MÁ-XI-MO!!! Mesmo porque nesta fase da minha vida eu era uma adolescente que tinha a mãe que trabalhava, e pensava que era muito fácil ser todos os papéis que uma mulher vive depois que se forma, casa e tem filhos.

Afinal? Se eu vou para a faculdade, e se tiver sorte me casar com um cara legal, e se pudermos ter filhos, eu vou querer atuar na minha formação e ser parte atuante na economia da casa.
Então, eu tenho que ralar, me submeter a dobrar e triplicar períodos de trabalho para poder colocar dinherio em casa em nome da Qualidade de Vida que junto com o conjuge quero proporcionar a minha família.

Que ilusão mais desmedida.

Porque não temos a mesma fibra que a figura masculina. Fibra muscular, fibra de resistência, fibra de esgotamento.
Sabemos que ao galgarmos nosso espaço no mercado, acumulamos as funções apenas. Não nos libertamos de nada.
E mais, hoje vejo mulheres aos montes, esgotadas, sem viço, acabadas de tanto trabalhar e ainda assim, ao chegar em casa, cumprir os deveres domésticos e familiares.
E ai, como fica as relações entre mãe e filho, que muitas vezes requer presença? Como fica a lição de casa, já que caiu a noite e estão todos cansados? Como fica o diálogo? Como fica a dispensa, o armário, o guarda roupa? Como fica a unha e o cabelo, pequenos deleites que toda mulher deveria ter o luxo?
Não estou aqui falando de passar a tarde toda no salão, mas porque não ter a vaidade em dia?
Penso que ao nos lançarmos no mercado, competindo com a figura masculina estamos sendo comparadas a força, a garra e a resitência do homem.
E não somos assim. Somos frágeis diante de tanto estresse que somos submetidas ao ficar no trabalho mais do que deveriamos. E muitas vezes nem sequer sabemos qual nosso limite.
Só paramos quando a coluna trava, a LER aparece , a voz some.
São os sintomas , o corpo esguelando para parar, para dar um tempo, para mudar o rumo, o foco, respeitar a fibra.
Temos fibra. Somos multi funcionais. O nome parece de impressora mas se aplica a mulher.
Mas nossa fibra é frágil, pode se despedaçar se submetida ao esforço inapropriado.
Juntas, a nossa fibra, aliada a outras mulheres se fortalece mas mesmo assim, não é suficiente para enfrentar a força, o baque. Semelhante a corda, podemos sucumbir.
Sério, pesado, mas para refletir. Fibra que submetida a processo pesado se torna bagaço. E quem quer ser bagaço?

Somos frágeis.. e que mal tem nisso?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Alegria de mãe é cocô de filho....



Quando escutei essa frase também senti um misto de surpresa e vontade de rir. Afinal depois de tantas máximas que escutamos sobre a maternidade, ainda mais esta?
Mas entendo o porquê de um dia a pediatra do meu filho ter me falado isso.
Porque como mãe a nossa maior felicidadeé que a efusão ( estado geral) do pequeno esteja na mais tranquila normalidade. Isto inclui comer bem, fazer xixi e o mais problemático para alguns : fazer o cocô.
Sei que tem algumas mães que além de ficarem felizes que o filhote realizou suas necessidades fecais, ainda quer saber detalhes: quanto, cor , consistência e tamanho. Estava homogêneo? E quantas vezes foi ao banheiro também.
N a verdade mãe gosta de saber todos os detalhes do funcionamento do corpinho dos rebentos. Febre? Pavor na certa. Até descobrir qual foi o bichinho causador da elevaçào da temperatura....
E por ai vai... Dorzinha incômoda? Primeiro a gente passa a mão na tentativa de realmente termos poderes sobrenaturais quase de fada e sumir num passe de mágica.
Mas se a criança persiste na queixa, a gente pode jurar que preferia senti-la a ter que pesquisar e Deus me livre ser algo mais sério.
Sei também que mãe tem um poder imenso de barganhar com Deus as perebas dos filhos. Podia dar todas em mim mas que não desse no meu pequeno.
Na verdade tudo se resume em: mãe nenhuma gosta de ver o filho sofrer. Mesmo que hoje sofra de refluxo, de dorzinha de barriga, de dores de cabeça ou mesmo dor nas costas, essas dores um dia passam e as dores emocionais começam.
E a mãe continua a barganhar com Deus ao ver o filhote, rapagão ou rapariga, a sofrer por um coração partido, a tal dor do primeiro amor.
Pois é... Ninguém está livre da dor quer seja ela física ou emocional.
Mas cabe sim a mamãe já desde pequenininho, mostrar ao filhote que temos que conviver com elas, as vezes existem remedinhos que tiram com a mão , as vezes não...
E isso se ensina de pequeno, senão... corremos o risco de entrarmos juntos num terreno perigoso onde precisa se tomar algo ou fazer uso de alguma droga para aplacar aquilo que teima em doer....
Pra se pensar...

Sobre a arte de distorcer a imagem , uma fofa e os 115 quilos dela…






Sabe, tem hora que só um baque mesmo para a gente acordar e mudar o rumo da vida. Sim estou falando do meu sobre peso quase obesidade.







Foi assim:
Um dia nada belo, uma fofa bem fofa foi na minha casa e me viu numas fotos antigas, quando eu era mais magra. Logo surgiu o comentário inevitável que dirá com uma pitada de maldade: Nossa como você era magrinha!!!!
Então como se a boca não aguentasse e as palavras pululassem retruquei:
- É que ai eu tinha uns 60 e poucos quilos...
E a língua ferina continuou a mandar a maldade
- E hoje você tem uns 115?
- Não né? Ta louca? Foi o que disse prontamente.
- E quanto você pesa?
P uxa la vida que pergunta mais indiscreta que dirá para quem está olhando o quanto tinha o corpinho no lugar, e o quanto os hábitos inadequados contribuiram para que agora estivesse muito infeliz com minha morada.
- Hoje devo estar beirando os 80. E ponto . Vamos tomar um café? Ja engatei para mudarmos os ares e parassemos de falar sobre esse assunto que me atormentava desde que tive meu filho e nunca mais tive vontade, animo nem entusiasmo para persistir na dieta e no exercicico.
E o bote certeiro daquilo que chamo de maldição de gordo foi preciso:
_ o que? Você está com menos que eu? Achei que estava com 115 quilos.
Sorri bem amarelo , continuei encaminhando a gorda sem noção . E por ironia do destino ou conversa, ja estavamos na frente do espelho largo de casa, só olhei para nós duas e vi que ali não residia nenhuma semelhança de corpos. Realmente ela estava distorcendo sua imagem corporal, não eu.
Depois que ela foi embora, já passado o sufoco de tantas indelicadezas que escutei de uma pessoa insana afetada pela adiposidade da alma, realmente julguei que estava no mesmo caminho.
Porque ao me olhar no espelho me via magra e não no meu tamanho real.
Se ela foi indelicada ao me comparar a ela, que inocententemente me disse seu peso com a casa da centena já preenchida, foi o disparador para que eu fizesse algo por mim.
Morar em um lugar melhor, mais livre de pesos e de mal estar próprio de quem está fora do peso.
Comecei a dieta um tempo depois, mas já estva com o sinal de alerta ligado.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

um pouco de saudosismo...







A gente chegava em Pirangi de manhãzinha. E depois de cumprimentar a Lola e o vô Mário, ia correndo para a casa da Vó Nina, na verdade minha bisavó. Tia Zizinha, minha tia-avó já ia em direção ao guarda pão, pegar uma lata, cuja tampa estampava uma cena da caça as raposas, e tirava de lá uma deliciosa bolacha maizena. Ao fundo o fogão à lenha sempre aceso, com uma chaleira fumegando de água quente.



Logo atrás chegava minha mãe a procura do café e sentava naquela mesa de madeira, coberta sempre com uma toalha florida, e começava a perguntar como estavam todos por ali.
O café, já morno, mas feito naquela madrugada, ainda havia pó umido no coador de café. O meu golinho tomava da xícara da minha mãe, aquela de latinha pintada, que deixava um sabor inconfundível à bebida.


Era assim, as nossas doces visitas aos parentes em Pirangi. O quintal da Lola tinha um portaozinho para que as galinhas não escapassem. Lá , tinha a jabuticabeira Sabará, as mexericas e laranjas, o pé de figo e bananeiras ao fundo. Também cercado por dentro tinha a hortinha da Lola, com muitos vegetais crescendo sem veneno. No lado esquerdo havia o galinheiro propriamente dito, onde as galinhas podiam botar e chocar a vontade.
E era sagrado, nas férias de julho e dezembro passavamos longos dias de pé no chão, mexendo no barro e catando frutinhas pelo chão para fazer comidinha de faz de conta.


Na geladeira da minha avó Lola sempre tinha doces de fruta, carambolas, aboboras e figos.O licor de jabuticaba era o melhor da temporada, e ela deixava bicar um pouquinho só, afinal criança não podia com bebida alcóolica.
Quando estavamos enfadados de tanta coisa boa a fazer , lembravamos da leiteria, que era o local onde compravamos chocolates e chicletes para passarmos o dia mais doce. De lá ja ficava muito perto do jardim da igreja então ficavamos passeando pelos canteiros a cheirar os ciprestes verdejantes.

Tempo bom que hoje já nao existe mais.


Quando naquele domingo triste deixamos nossa querida Lola repousar no sono eterno, já sabiamos que por ali a alegria dos tempos de infância ficariam para tras também.
Junto com ela, se foi também os motivos para nossa ida a Pirangi. Ali acabara nossas vivências que agora estariam apenas em nossas lembranças mais doces, guardadas a sete chaves em nossos corações.

Côco ou Coca?




Um dia ensolarado de final de semana em Ribeirão Preto é o melhor convite para dar uma chegada ao parque da cidade, também conhecido de Curupira.


Chegando lá temos atividades para todos os gostos e tipos de atletas: desde correr na pista, para os mais preparados fisicamente, até caminhar tranquilos ou andar de patinete ou bicicleta para as crianças.

A natureza mesmo que "ajeitada" pelo homem ali foi generosa. Cravado em uma antiga pedreira, o parque é um charme no meio da cidade. Tem quedas d’água e lagos de todos os tamanhos, com tartarugas, carpas e peixes menores. Tem local para shows e sombras deliciosas que convidam a uma leitura, mediacão e mesmo um pic nic.
E após os exercícios exaustivos ou não , o parque possui também uma cantina em baixo de frondosas árvores para os visitantes aplacarem a sede e a fome.

E ai, vai querer côco ou Coca?







Pois é... com tanta natureza e convite ao saudável, o parque comercializa refrigerantes que nada combinam com o ambiente.
Não quero aqui ser a mais radical nem mesmo dar lições de moral geográfica já que um refrigerante em dias quentes quase sempre é bem vindo.


Mas o que me impressionou foi em meio a uma água de coco geladinha e um milho cozido, escutei um grande caminhão de refrigerantes subir uma esguia ladeira do parque para abastecer com litros e latas de refrigerante.

E o coco gelado , algo tão peculiar e saudável naquele dia estava acabando

Abastecimento do côco? Só semana que vem.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Intensivão de férias…




Meu filho tinha um ano e meio quando saimos para viajar nas férias. Nesta época ele falava cerca de dez palavrinhas.
Tá bom vai, mãe fonoaudióloga fica mesmo contando as intenções comunicativas do filho.

Apenas isso.

Porque ele, como qualquer criança também precisava de estímulo e muita falação no ouvido, literalmente.
Pois bem. Aproveitamos que estaríamos muitos quilometros dentro de um carro: papai, mamãe e filho para começar o intensivão de férias.
E lá se foi: Boi da cara preta, Borboletinha, A cobra não tem pé e outras até cansar a boca.
Paramos numa cidade praiana e as músicas mudaram para seguir o tema: Marinheiro só, Quem te ensinou a nadar, Jacaré passeando na lagoa...
Sei que durante esses dias sonhávamos a noite com as músicas de tanto que cantavamos com ele. Foi mesmo um estímulo intensivo.
Por fim , qual nossa surpresa, no último dia de férias,num restaurante ele sentadinho no seu cadeirão, e nós, casal, discutindo o pedido, nos distraímos dele.

Ele olhou para o garçom a postos com um dedinho bantendo na mesa :

- Dua coca...
Ele mesmo fez seu pedido. Percebeu a necessidade da comunicação oral e a gente ficou imensamente feliz por ter o objetivo alcançado.
E a viagem da volta, na cantoria já estávamos em tres vozes, ele a continuar os refrões e pedindo mais.

Em tempo:
Existe um prazo para a linguagem da criança deslanchar. Lógico que cada criança tem um tempo, que casa família tem um ritmo, mas deixar para depois o atraso de linguagem pode ser um terreno bem perigoso e com consequências que se arrastarão na escolaridade, na alfabetização.
A intervençào da família através de brincadeiras, cantorias, e muita conversa faz com que a criança inicie o processo de aquisiçao de fala e linguagem dentro dos limites da normalidade.

O verdadeiro sentido do NATAL


- O que você quer ganhar do PAPAI NOEL?
- Bala!!!!


A conversa terminou ai mesmo. Ele com seus 2 anos de idade sentado no colo do velhinho de barbas brancas e sem nenhuma visão de mundo quanto a pedidos estratosféricos, já tinha percebido que dali do saco do Papai Noel, naquele exato momento só sairia bala mesmo.

Mesmo porque Natal para ele era tudo o que envolvia o momento, não só o dia 25 de dezembro. Era as passeadas pelo shopping, era a cidade inteira decorada com luzinhas nas árvores e muitas decorações de Natal que iam de renas pastando na frente da farmácia até flocos de neve pululando em pleno verão de Ribeirão Preto.
Essa vivência que tive o prazer de testemunhar me parece um belo ínicio de conversa sobre o Natal e toda a parafernalia que envolve e que não esteja relacionada com o verdadeiro sentido deste.
Aliás, para quem já se perdeu em tantas bolas de natal verde e vermelha com detalhes em dourado e prateado, Natal é o nascimento de Jesus, nosso meigo Rabi da Galiléia que deixou ensinamentos profundos até hoje perpetuados.
Do mais: Papai Noel, Henas, Trenó, duendes, presentes enormes, castanhas , etc e tal já foi a humanindade que de tempos em tempos acrescentou aos costumes da época se perdendo o verdadeiro sentido.
As grandes ceias, com quatro ou cinco animaizinhos esturricados em cima da mesa, as vezes com uma maçã na boca, também foi sendo acrescentado.
Outro dia ao ver uma reportagem sobre o emprego de Papai Noel, mostrando a ardua rotina destes senhorezinhos que no final do ano ainda tem energia para vestir a roupa vermelha e branca do bom velhinho, a reporter fecha sua fala assim: e essa é a dura realidade da figura mais importante do Natal.
Quase cai da poltrona. Sério mesmo. Primeiro porque nem a repórter se lembrou que Jesus é O aniversariante, O motivo de comemorarmos o Natal. Depois que propagou aos quatro cantos deste nosso pais, ainda assim esse mote de que Papai Noel e tudo que vem atrás dele, é o mais importante.

Poxa. Que triste. Não fiquei nenhum pouco feliz com tudo isso.

Se meu filho ganha presentes? Ganha sim. E também mostro a ele os Papais Noeis pela cidade. Mas não deixo de explicar a ele o verdadeiro sentido da data. Sem falsos moralismos nem mesmo exageros. Apenas não desvirtuo a verdadeira essência desta data que remete ao nosso irmão Maior.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

um casamento, crise de asma e vergão no braço.








Era julho de 2003 e eu ia me casar.

O primeiro casamento dos irmãos gera um alvoroço na família.
Primeiro são os preparativos, convites, local de festa, data e roupas para a cerimônia.

Depois de já entregue os convites, começa a chegar os presentes e isso faz da rotina da casa uma festa.

De véspera o inusitado acontece. Minha irmã amanhece no 24 horas com crise de asma. E minha mãe de tanta dor também procura a farmácia homeopática com um vergão dolorido no braço esquerdo.

Simbologias a parte a cerimônia precisava acontecer então já que ninguém esteve a beira da morte, tudo estaria confirmado para o primeiro grande evento da família.
Naquele sábado pela manhã toca logo cedo a cabelereira que viria nos arrumar em casa. Sim, dispensamos o Dia da Noiva, da Mãe e da Madrinha. Quanto menos fuzuê para nós todas melhor.

Os homens da casa: pai e irmão estavam a postos só a nos esperar.

E o mais marcante, minha irmã, companheira de quarto de anos a fio, de conselhos e desabafos, de vida lado a lado, amanhece cantando a seguinte frase musical:

eu não consigo ter você assim distante, são mil razões para chorar a todo instante...

E você? o que vai ser quando crescer?






Primeiro meu irmão queria trabalhar com vidro e com calçadeiras de sapato. Meio período cada.Depois descobriu que queria ser chefe. Espertinho ele... Acho que não devemos subestimar a visão infantil das coisas.
Minha irmã queria ser bancária para ficar maquinando. Depois quis ser veterinária. Sempre gostou de bichos. Desde os cavalos coitados sem água nem comida que passavam soltos na rua, até alimentar cachorros na porta de casa. Teve época que juntava uma matilha na calçada.
Eu quis ser cantora, atriz, bailarina. E de tanto querer hoje brinco com crianças para devolver a fala correta, cuido de vozes e vou levando a vida numa Valsa de Viena. Sonhadora.


Já vi crianças almejarem de tudo.


Uma criança com deficiência visual me contou que quer ser professora de creche. Fiquei a pensar na tamanha responsabilidade da professora que hoje modela seus sonhos infantis...

Meu filho quer ser engenheiro como o pai. Até chegar o vestibular muita água vai passar por debaixo da ponte de escolhas dele.

A filha de uma amiga quer ser a moça que embrulha os brinquedos na loja. Imaginou a dimensão desta função para ela?

Já escutei: quero ser bombeiro, policial, médica de tirar o nenê da barriga, dona de loja e empregada.
...



Hoje sou o que almejei ser quando criança. O que não contava é que isso só não basta.

De repente isso já não faz mais sentido. Crescer não é só na estatura. Ser não é só exercer um papel.Sei que vai ser difícil alguém me fazer essa pergunta.
Dou de ombros... eu mesma pergunto e respondo então:


- O que quero ser quando crescer? Quero ser é feliz. Independente da minha escolha.









Quando a amizade aplaca a dor.





Vez por outra vou adquirindo amigas novas.

É da minha índole me relacionar e permitir que novas amizades entre na minha vida. Nunca fui de poucas amigas, aliás tenho amigas nas mais diversas esferas. No trabalho, da faculdade, da academia, do colégio, do meu grupo religioso, da escola do meu filho, do trabalho do meu marido.


Já fiz amiga no ônibus, em festa infantil e na feira do livro. Já sofri na infância pelas idas e vindas de uma amizade, pela distância que teima em roubar da convivência nossos amigos e fiz dos meus irmãos amigos verdadeiros.





Já dormi segurando a mão de uma querida amiga porque teve pavor de uma prova de neuro-anatomia, na época da faculdade. E sinto que naquele momento nossas vidas se uniram para sempre, como num ritual, e nunca mais nos distanciamos , mesmo que fisicamente, sempre somos muito ligadas uma a outra.


E mesmo no período da faculdade quantas amigas não fiz, já que meu curso foi de perfil feminino então até as festas muitas vezes eram só para mulheres.

Também descobri no meu companheiro de jornada um grande amigo, quando o relacionamento atinge um grau de maturidade, a gente entre tantos papeis que desempenha, também percebe a amizade que o casal nutre, seja nas conversas seja no compartilhar das angústias e nos projetos de vida.

Nossos pais também vão se transformando em nossos amigos, onde temos o prazer da companhia e dividimos preocupações e felicidades.

Mas a vida tem suas curvas e nelas quando precisamos de consolo e palavras amigas, são elas que aplacam nossa dor.

Seja pela morte de um ente querido, seja pelos problemas corriqueiros e rotineiros, a amizade tem o poder de amenizar, sanar, deixar menos intenso os sentimentos que teimam em tirar nosso equilíbrio.

Sei que posso dizer do fundo do meu coração que agradeço as amigas e aos amigos que tenho,
pois que quando me faltam as pernas, é nos vossos ombros que me apoio...

E por curiosidade, Samira, de decendência árabe significa amiga inseparável, animada.




سميرة

Meu primeiro helicóptero







Sempre nutri pela Rosalva uma grande admiração. Porquê foi ela me surpreendeu quando criança, bem pequena com um presente inusitado.
Um dia estando a visitar minha família, me trouxe um helicóptero. Eu como menina achei aquilo o máximo. Brinquei bastante e não mais me recordo se depois deixei de herança para meu irmão, se destrui de tanto brincar ou se deram outro fim para o brinquedo. Na verdade isso mesmo não vem ao caso.
O que me chama a atenção quando lembro deste fato é a irreverência de quebrar tabus e dar brinquedo “de menino “ para uma menina. A reciproca é verdadeira. Porque mesmo que meninos não podem ganhar alguns utensiliios de cozinha? E porque será que meninas nao podem querer um “new beatle” para dar mais autencidade a brincadeira de casinha?
Sou mãe de menino e sempre observei meu machinho querendo brincar com as coisas de cozinha das amigas...nunca me admireio ou mesmo coloquei pulga atrás do pavilhão auricular...
Afinal, se ele vê o pai lavando louças ou fazendo um quitute de final de semana, nada mais natural querer simbolizar com tais apetrechos.
Num dos aniversários dele, ao ganhar um brinquedo repetido, trocamos na loja por um lav lav, de pia de cozinha. No calor era a sensação da sacada.. ele enchia de água, pegava sabão e bucha e ficava a lavar e lógico, fazer aquela molhaceira...
...
Da mesma forma que acredito qeu o AZUL embora seja a cor preferida da maioria dos meninos, também é cor que se vista em uma menina.
Ah, tá, e a reciproca das cores? Já vi muito menino vestido de camiseta rosa e fica uma graça.
Ou seja, naquele gesto de ganhar um helicóptero me libertei ainda pequena de estigmas impostos sem discutir e analisar, gerações após gerações.
E ainda vou encontrar a Rosalva para perguntar a ela se foi esse o objetivo. Se não foi volto aqui para retrata-la.
Porque para mim, ganhar meu primeiro helicóptero teve repercusão positiva por toda a minha vida.

Andança na vizinhança…





Vamos fazer uma andança
Por uma vizinhança
Ainda que haja mudança
Preserva muita semelhança

Era um lugar tranquilo
Numa rua de um bairro qualquer
Onde muitas tinham marido
E muitos também tinham mulher...

E nessa rua toda especial
Mesmo que fosse algo normal
Passei nela minha infância a brincar
E tenho muito para aqui te contar

Dona Rosa toda prosa
Fazia uma coxinha deliciosa
Vendia todas que ainda tinha...
Ixe , sumiu minha gatinha...


Dona Neide foi bem clara
Falou direto, na cara
Ou eu ou a viola
Musica só na vitrola

Gertrudes tinha um cantorzinho
De madrugada no muro soltava a guela
Assustava o menino vizinho
Acabou foi na panela

Valga tinha um passarinho
E a vizinhança um DEJAVU
E a fica a pergunta bem baixinho
Quem foi o tal SEQUINEVU?

Elza manicure faceira
Melhorava as mãos das vizinhas
Mas como boa minheira
Dava receita de pao de queijo e abobora batidinha

Dona Marlene bancaria três crianças
Sempre para dentro do portãozinho
De manhã todos na escola
A tarde a casa virava parquinho


Ah, também tinha o bar da esquina
Pra comprar pão, leite e outra coisinha
O troquinho mamãe ensinava...
Tinha que ser moeda e não balinha!

E Vô Delei um senhorzinho
Que a rua passava a varrer
Reclamou da sua sopinha
Quando sentiu a barriga doer...

E Vô Delei um senhorzinho
Que a rua passava a varrer
Reclamou da sua sopinha
Quando sentiu a barriga doer...


Era assim a vida de todos
Naquela rua pra la de maluca
Onde o carteiro se perguntava
Quem foi Malito de Lucca?

O URUTAU

Apareceu um Urutau
Lá no quintal
Com cara de mau
Pousado num pau

O avô avisou
Ligou, fotografou
O tio visitou
Mas o bicho não gostou

Então o Urutau
Não foi legal
Achou o canavial
Um melhor local

A noite chegou
Ele aproveitou
Olhou e voou
E saudade deixou

Isso é normal
Acontecimento banal
A foto ficou legal
Tchau, Urutau!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Coitadinho ou bem feito

Ela era pequena, uma criança de seus sete ou oito anos mas já percebia que diante de situações que ficavam um tanto nebulosas, para fazer juizo de valor logo recorria a sua mãe perguntando: coitadinho ou bem feito mãe?

Isso era para um ladrão que fora preso e agora estava algemado com cara de coitado, um animal solto que fizera algazarra e logo fora capturado pelos bombeiros ou mesmo um garoto que pegara o carro do seu pai e fizera estrago tamanho.

Hoje ela é uma mulher que já tem seus anseios, medos e vontades mas deixou para todos nós com quem conviveu com ela esta alternativa para entender o que ás vezes fica um tanto confuso.

Esses dias ao ver um touro avançar na platéia na Espanha , machucando vários espectadores inclusive crianças maiores e depois de se intalar numa vala da arquibancada e ser por fim sacrificado, fiquei me perguntando COITADINHO ou BEM FEITO? Quando no auge das investigações do crime que assolou o meio futebolístico com o sumiço de Eliza Samudio, sabendo da barbárie que foi submetida, mesmo sabendo que não tinha comportamento de boa moça para nossa cultura e costume também me perguntei: coitadinha ou bem feito?

O que a principio mostram se COITADINHO, como a carinha do velhinho do FMI sendo algemado e preso por assediar uma camareira na verdade pode se dizer um BEM FEITO pela justiça sendo feita. Alias, nós brasileiros vibramos com justiças sendo feita já que por aqui tão pouco se vê uma justiça cega, sem analisar a conta bancária ou a influência da pessoa.

E o que pode ser BEM FEITO num primeiro momento, tal como uma mãe sendo presa por ter deixado quatro crianças presas em casa por dez horas sem comida nem cuidados, ao analisarmos friamente as condições da vida daquela mulher, mesmo considerando os maus tratos com as crianças que sinceramente não há desculpa nenhuma, mas pensamos ser uma COITADINHA pelo sistema que a mantém na miséria, não dando conta de pôr comida e roupa ou seja sustento mesmo para quatro crianças. Mesmo com toda a responsabilidade e falta de juízo por deixar crianças trancadas, me pego pensando que realmente é uma coitadinha...

E assim a gente vai se questionando sobre as situações mais bizarras que atualmente enfrentamos com políticos sendo vaiados em restaurantes por serem ladrões disfarçados, ou mesmo pessoas do nosso contato próximo sendo desmascarados ou mesmo colocados em seu devido lugar.

O coitadinho ou bem feito é na verdade uma pausa para analisarmos friamente as situações, não nos submetendo de pronto a avaliar só com a razão ou só com a emoção.
Em muitas das vezes o gênero humano necessita de julgar, de culpar de explicar mesmo que internamente os fatos ocorridos.

Só assim conseguiremos entender os fatos que nos assolam o coração e a razão e continuarmos a acreditar que a vida, ainda vale a pena.

O avesso perfeito





Tinha por volta de 18 anos porque era férias de julho do curso pré vestibular. Estava querendo arrumar uma atividade relaxante. Como há muito o ponto cruz, um tipo de bordado, me interessava, comprei um kit.
Achei bem fácil olhando o esquema que veio na embalagem junto com as linhas coloridas,meadas como chamam as exímias bordadeiras, uma agulha grossa porém curta, um pano branco que seria a tela e dois aros que se encaixavam. Poxa, pensei, já vem com a moldura para virar um lindo quadrinho...
E mal esperei, já me instalei no sofá da minha casa, para começar o tal bordado ponto cruz.E assim passei horas deliciosas relaxando e achando que bordava...Estava quase acabando...
Mal podia esperar pelo pior. Toca a campainha.

Era uma grande amiga da minha mãe, cuja filha também fazia cursinho chegando para um chá da tarde.Ah, pensei. Célia também borda!!! Vou mostrar para ela como anda meu trabalho!!
Ela chegou, sentou , conversou, tomou chá, café , água e ai sim criei coragem para mostrar minha façanha.
-Olha Célia, o que estou fazendo... já entregando o bordado nas mãos dela...
Célia pegou os óculos, e num silêncio sepulcral nem olhou para a arte, logo virou o avesso.
- Nunca vi trabalho mais porco.
Silêncio novamente.
Perai, acho que ouvi errado.. Porco na verdade era pouco? ou ? ah, realmente, ela disse porco.
- Como assim Célia? Também você esta vendo do lado errado!! E virei o bastidor, isso , a moldura era um bastidor!!
-Mas Samira, o verdadeiro bordado se aprecia pelo avesso!!
-Vai la em casa querida que te ensino o AVESSO PERFEITO.
Nem preciso dizer que logo mudei de idéia e minhas férias tomaram outros rumos que não aprender a bordar a tal perfeição pelo avesso. Mas essa passagem pela minha vida me faz repensar quando achamos que tudo o que vamos fazer tem um modo de fazer tão sintético que cabe na embalagem.
Não. O modo de fazer das coisas e isso cabe ao trabalho, ao casamento, a criação de filhos e até mesmo a novas empreitadas como abrir um novo negócio ou mesmo se aventurar em fazer um bonito bordado não cabe num simples esquema.
Tem um algo mais, que talvez aprendamos de forma rude: nunca vi algo mais porco!! ou suavemente, com doces palavras que nem parecem criticas.
Mas o que vale é perceber que isso sim é o fazer da coisa. Isso sim é amadurecer e ver o que rodeia, o que permeia, o que ninguem vê num primeiro olhar..
Valeu Célia!!! Continuo amando bordado ponto cruz e hoje como consumidora sempre olho o avesso para ver se está perfeito!!!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Agora meu filho é.... um castor.



Antes eu desconfiava, agora tenho certeza. Ele e suas manias de guardar coisinhas em lugares nunca pensados por uma mãe. Só por um castor.
Ele guarda pedras , recortes bacanas e algumas peças de carrinho embaixo da almofada da minha poltroninha...
Na cama de baixo, aquela do amiguinho dormir, ele guarda o livro que mais ama: O LIVRO DO PIRATA. E agora atrás do sofá, onde só ele passa, guarda coisas das mais diversas, que me recuso a descrever.
Cada criança em determinada fase do desenvolvimento se assemelha a um bicho. Já teve fase do cavalo, essa era dentro da barriga, afinal não era chute, era coice...
Depois foi a fase do porquinho mamando na porca deitada. Nem se atreva a chamar a mãe dele de @#@$#$#$
Teve ainda a fase do passarinho no ninho: abria a boca e ficava esperando. E a fase da pomba, onde , bom, já sabem o que tinha que limpar.
Fases de cachorro ele passou por esses dias: adorava passear com a cabeça para fora do carro e a língua comprida pendurada... tudo para o meu pânico . Adorava entrar embaixo das mesas de jantar das diversas visitar que faziamos e ficava a cheirar o pé da turma. Ou quando eu reprimia ele, grunia como cachorro chorando..
A fase mais bonitinha foi a do gatinho, quando ficava me apalpando a barriga, ou o peito como gatinho faz com a mae gata.
Bom, ainda bem que é passageiro , afinal estou cansada de sentar na minha poltrona favorita e sentir coisas duras e pontiagudas a me atrapalhar o descanso.
E senta fico a esperar qual o próximo animal que ele passará a imitar o comportamento...

Os peixes que passaram por nós.




Desde sempre tive muita vontade de ter peixes em casa. Não , não é por nada de superstição, daquelas que dizem que peixe atrai fortuna. Simplesmente porque sempre gostei dos tais bichos a nadar e a gente a olhar pelo aquário. Simples assim.
Pois bem, tudo começou quando ainda solteira quis ter um Beta na casa dos meus pais. Comprei o tal bicho, e num aquario lindo, redondo, digno de desenho animado , coloquei ele em cima do rack onde ficava a teve.
Pronto, dois erros. O peixe beta nao se da com aquarios redondos e a tv emite ondas eletromagneticas que deixam o coitado agitado.
Achei o mesmo caido no chão , sem vida.



Foi o início do TADINHO, a sina de qualquer peixe que até agora passou pela minha mão.
Depois fui ter outro Beta quando casada, desta vez fiz tudo conforme manda o aquarista, porém o que não contava éra com os hábitos alimentares do meu marido, que lá pelas tantas da madrugada, ao passar pelo peixe em direção da cozinha a procura de algo para beliscar, pensava caridosamente também no aquático que ali se encontrava. Duas bolinhas para o peixe e um belisco para mim. Era assim que o TADINHO era tratado. Aflinal, TADINHO, só os humanos comem após o crepúsculo?
Ração escassa de dia e orgias caloricas a noite. Não a toa que o peixe quase pulava para fora do aquário aos finais de semana quando meu marido passava por ele. Peixe adestrado.
O triste fim deste foi ao viajarmos, deixamos grande suprimento de ração, e ao retornarmos, trocamos toda água do aquário. Este não suportou a diferença de PH da água. Sucumbiu. TADINHO
Não contente , peguei outro. Este teve uma bactéria e logo se foi. TADINho também.
Nesta época fiquei grávida, e minha vontade por ter algo para cuidar foi sanada. Agora teria um bebê com todas as necessidades que uma mãe imagina.
Depois que meu filho ficou maiorzinho, com três anos e um primo quis presenteá-lo com outro Beta. Ele amou e fazia todo o procedimento de alimentá-lo corretamente. Mas de novo, meu marido quis inovar na dieta do peixe e deu a ele larvas de moscas da banana. O peixe teve o intestino perfurado e morreu agonizando. Tad...

...





Recentemente meu filho foi sorteado como parte do projeto do semestre da escola, para trazer um peixe em seu aquário para passar uma noite em casa.
Fizemos tudo conforme orientados, o que não contava era a volta do peixe para o recinto escolar.
Imagina um peixe, dentro de um aquário, com muita agua , dentro de uma caixa de sapato, no meu colo, sacolejando no meu colo pelo caminho ate chegar a escola. Não estava diriigndo... estava de carona. Para esse regresso pedi ao avô que nos fizesse o serviço de transporte. Mais uma vez ouvi: TADINHO.
Neste dia, cheguei na escola toda molhada de água de peixe, e meu filho solidário batendo em meu ombro:
-Mãe é assim mesmo, caiu muita água em mim quando eu levei ele pra casa.
TADINHO!!!!

Mãe, para onde eu vou depois de dormir?

Mãe, para onde eu vou depois de dormir?
Respirei fundo, já estava sentada no carro para irmos embora da casa de minha sogra. Era sexta feira a noite e triunfante pela pergunta profunda, existencial que meu filho que na época com 4 anos fizera, me emocionei.
- Filho... disse para ganhar tempo e montar aquela frase filisofica, com todas as informações para que ele pudesse compreender a emancipação da alma.
-...a gente deita na cama, o corpinho descansa e nossa alma, espírito, assim chamamos nossa essência...
- Não mae, comecou a chorar... para onde eu vou depois que dormir? Me fala logo...
- Filho, estou te explicando, olha é complexo demais, talvez voce tenha me feito essa pergunta muito cedo, ou eu nao esteja preparada para te responder, mas a gente vai voando, por lugares bonitos, aprender coisas novas, com amiguinhos tambem em espírito..
- Mãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaae.... choro compulsivo.
Ai, pensei, fui longe demais. Acho que deveria ler um pouco sobre para poder lhe falar com tranquilidade...
Nisso, o pai entra no carro:
-Porque você esta chorando filho?
-Porque eu quero saber para onde vou quando dormir??? Buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa....
- Olha bem, que lindo, chegou a hora de explicar para ele sobre espírito, alma. Estou emocionada!!!
-Vai com calma!!! Não acho qeu seja isso... retrucou o pai cético demais para meu gosto.
-Filho, me fala de novo o que vc quer saber?
- Eu quero saber se amanhã eu vou para a escola ou se fico com vocês....
Triste fim da ilusão da mãe achando que seu filho estava pronto para saber as verdades do espirito...

O GATO COMEU A LÍNGUA DELE...


É o que se diz quando uma criança não fala. E aqui estou me referindo ao atraso na linguagem e fala, e não a timidez.  A família de uma forma em geral: mãe, pai , avós , tios  ficam todos  bastante incomodados com esse silêncio que na verdade dentro do densenvolvimento infantil  tem  hora certa  para começar.  Na verdade,  o início da comunicação da criança é o choro, pois se para o bebê é a forma que tem para expressar dor, fome e vontade de carinho, dentre outros, para os pais é o que mantém esse rudmentar diálogo.
- O que você quer bebê? Está com fome? Ou essa fralda que já esta suja?
Quando falamos com o bebê , o processo de comunicação se estabelece. A criança percebe que para ser atendida tem que emitir algum som.
 nos próximos meses, com 5 ou 6 meses ou até menos, o bebezinho começa a soltar o gorgeio. Aquele aaaaaaaaaaaaaaaaaaa , ou uuuuuuuuuuuuuuu, que faz a família ficar cada dia mais apaixonada.
Isso também já é comunicação, e embora os pais nem imaginem, quando a gente bate palmas ou se alegra com esses sonzinhos, a criança é reforçada positivamente e torna a fazer os sons que na verdade são como forma de brincar com seus orgãos fonoarticulatórios.
A próxima etapa são os DADADÄ, TATATA, PAPA, e nesta fase, a gente puxa a sardinha para o lado mais conviniente: papa é papaiiiiii, nossa ele ja disse papai!!! Ou MAMA, entao filho você quer mamar? Olha ele falou mamãe!!!!
Isso também faz com que o bebê continue na aquisição de  fala e linguagem, que vai durar até os  2 anos.
Uma criança que está demorando a falar ou fala muito pouco merece investigação minuciosa.  Fez o teste da orelhinha quando recem nascido? Tem caso de atraso de linguagem na família? Não porque se tiver é considerado normal, mas para detectarmos a pré disposição da criança em termos de linguagem.
Escuta-se muito assim: ah, o pai dele também demorou a falar. Então é normal.
Engano. Hoje em dia estamos vivendo a era da comunicação. Até nossos parâmetros mudaram para exigir das crianças que todos os sons sejam adquiridos.  Até os quatro anos a criança deve estar falando todos os fonemas ( sons das letras) integralmente. Ou seja nesta fase tem competência para que seu sistema linguistico esteja preciso, dominando a fala.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O alimento do convento

Vez por outra meu pai nos convida para almoçar no convento de final de semana. Ele fica dentro de uma escola cercada de sombrosas árvores, e a calmaria diferente dos dias de aulas, faz duvidarmos que por ali passam muitas crianças todos os dias.
Quando a gente chega já vai sentindo o ambiente tranquilo e sereno, o formato educacional religioso de ser daquelas freiras que mesmo depois de trabalharem a semana inteira ainda se dispõe a abrir o refeitório e com todo o respeito que a deixa me concede, servir uma santa comida.

Ao adentrarmos o corredor já somos recepcionados pela madre superiora que nos recebe com um abraço apertado e macio e palavras carinhosas principalmente se entre nós existem crianças.
Muito atenciosa, sempre lembra também se algum de nós precisa de uma bebida sem açucar e faz questão de trazer na mesa um pouco de gelo..
Quem escolhe passar pela expêriencia de comer tal comida fica se sentindo muito bem o restante do dia.

Dizemos entre nós que a comida nao pesa. Muito leve e farta. E embora seja ali uma escola de primeiro grau, lembra mesmo um refeitório de faculdade. A jarra de suco transita entre as mesas, no total três que vão de fora a fora no recinto. Cada um que chega, pega seu prato, copo e talheres e se serve na bancadas. Sempre tem uma sobremesa, geralmente aos domigos, os quais mais frequentamos, sempre o bolo formigueiro. E uma fruteira com laranjas mexericas, bananas e maças.
Ah… a comida do convento é boa demais.




...
Outro dia muito simpática a madre superiora quis levar meu filho para ver suas tartarugas e demais bichinhos no quintal. Também acenou para a idéia de brincar um pouco no parquinho próximo ao quintal que pertence também a escola.
Era um sábado frio e ventava bastante. Quando o vento apertou anunciando que logo viria um temporal ela disse:
- Vamos voltar porque aqui tem bastante árvores, pode ser perigoso.
Naquele dia., mal sabia que meu testemunho para a dor estava por acontecer.
Ela foi a nossa frente já que devido a um problema na panturrilha não poderia nem deveria correr. Foi a passos largos.

Já eu fui puxando meu filho que teimava em dar a última escorregada no brinquedo.
O vento piorou e quando estavamos próximos à porta, cai um coquinho em meu ombro esquerdo muito próximo ao meu filho. Realmente foi um milagre o côco ter acertado o meu ombro e não a cabecinha do menino.


A dor foi insuportável, mal conseguia falar e agora correr estava sendo difícil demais. Afora que devia me esquivar de novos cocos e cuidar do meu filho para que ele nao corresse perigo também.
- Vamos! Corre!! Você parou? É perigoso ficar por aqui nesta ventania...
- Caiu um coquinho no meu ombro. Dói demais. Tentei falar com dificuldade e pedindo também uma palavra amiga...

E ela dizia ofegante:
- A dor também ensina...
E eu:
- Mas já nao basta a dor da saudade, me referindo a perda da minha mãe.
- Esta sendo convidada a desfocar a sua dor. ...

E como se nao conseguisse nem respirar, chegamos a escada que nos levaria de volta ao refeitório.
Ela se prontificou e trouxe de sua caixa de primeiro socorros uma pomadinha. Passei com vigor na tentativa de que a dor fosse eliminada.
Que nada. Essa e a outra dor demoraram muito a sumir. Essa quase duas semanas. A outra acho que vai doer para sempre.
E sei que no convento sempre me alimento. Tanto do corpo quanto da alma.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sobre medalhas, comportamento e uma boneca careca.


No primeiro semestre meu filho de cinco anos foi um aluno exemplar, de tão bom comportamento que ao retornar as aulas em agosto recebeu uma medalha de primeiro lugar!

Todo orgulhoso exibia o emblema no peito colado com fita adesiva. Andou com a tal medalha por alguns dias e logo depois esqueceu.

Confesso que ao saber que estava concorrendo ao primero lugar tive lá minhas dúvidas sobre como seria a turma toda, pois que sei bem quem é meu filho, suas manhas e seus achaques de teimosia e impetuosidade.

Mas por outro lado pensei, uma vez que em casa não se comporta tão bem, que bom ter um procedimento exemplar na classe, sinal que estou no caminho certo ao repreender e ensinar-lhe noções de civilidade mesmo que seja para aplicá-la no jardim da infância.

O primeiro lugar no ranking dos anjinhos não durou muito, e passado um mês fui chamada à escola visto que o primeiro lugar estava perigando ser perdido.

Isso mesmo, aquele eu julgava ser bom menino estava prestes a mostrar suas garrinhas de gavião fanfarrão e mal intencionado no quesito travessuras como sempre o vejo.

Sim, ao se considerar que tem de idade, apenas uma mão cheia de dedos, é pequeno, mas nós os pais, já conseguimos enxergar a personalidade singular deste pequeno ser humano que estamos criando e com o qual convivemos.

Minha admiração pela medalha agora estava ameaçada pela “travessura saudável”, assim ilustrada pela professora que me contara exatamente o que o pequeno levará a efeito.

Pegou uma boneca de cabelos longos da sala de aula, entrou embaixo de uma mesinha, e mandou bala nos cabelos da própria , deixando a quase careca.

Ao ser surpreendido pela professora, e alertado que estava prestes a ganhar o “X” na lousa, encabeçando a lista de mal comportados da sala, ele enfatizou:
- Eu quero ganhar o xis.

Lógico que fiquei deveras decepcionada. Afinal o garoto virou a casaca, mudou de time e agora queria ser o mais popular, com o nome cheio de “X” de tanta farra e traquinagem.

Ao questioná-lo em casa sobre seu censurável comportamento, digno de ser reprovado, tambem recordando que a medalha do segundo semestre não mais seria dele, eis o que respostou:

- Não quero ganhar mais medalha. Ela era de papel. Pra mim medalha verdadeira é de ouro ou prata .

E o que dizer depois desse original argumento, uma vez que, para os meninos e as meninas destes novos tempos, medalha reluz e não se rasga?

Fica aqui, uma singela observação de que medalha é a personificação do esforço. E neste ingênuo e inusitado evento, visto pela ótica do meu filho, era mais original e gratificante, encabeçar a lista dos mal comportados, com seu nome em primeiro lugar, do que uma efêmera e inconsistente medalha de papel!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Quando a morte entra dentro de nossa casa e leva alguém muito amado e querido como no meu caso minha Mãe, a vida parece que nunca mais vai ficar colorida... e que nunca mais voltaremos a sorrir... mas a vida vai continuando e o apoio dos familiares e dos amigos queridos vai nos ajudando a voltar a ficar de pé... cada dia que passa a saudade aumenta e tenho muita vontade de chorar... mas sei que nutrir tristeza neste momento não fará bem para ninguém... nem para nós que ficamos sem ela nem para ela aonde estiver... então vamos tocando sempre em estado de oração e grata pelo carinho que recebo todo dia de pessoas que convivem comigo e também queriam ela muito bem!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Algo sui generis…



Sempre me pergunto o porquê de as vezes fazermos parte de alguma história de vida apenas por estarmos ali, na retaguarda ou mesmo de espectadores só na observação.
E o porque que certos assuntos me dão muita inspiração para escrever meio que como querendo dividir essas experiências que passo como espectadora mas que mexem profundamente com meu âmago.
São histórias que começaram tristes mas que num dado momento, sem que fosse marcado hora e lugar tudo mudou. Primeiro mudou a forma de cada integrante da história enxergar a situação e sem menos esperar o desfecho acontece culminando uma felicidade que transborda o coração embora seja invisível aos olhos.
Ressalva, aos olhos de quem não enxerga com o coração.
Essa história é de uma família que tinha uma vida dentro da normalidade até que, o filho mais novo teve um grave problema de saúde. E nas pesquisas diagnósticos foi detectado uma série de alergias alimentares. Aos olhos de quem só escuta ou lê isso é apenas uma série de restrições.
Mas para a criança que é alérgica a proteína do leite, acaba sendo tolida de ingerir não só o leite, mas por exemplo não pode comer um bolo , um pão de queijo, uma macarronada com molho branco e mesmo ir a uma lanchonete , local de desejo de qualquer criança.
Então a família se adaptou, e a mãe , uma pessoa de tamanha candura e seriedade aprendeu o que podia e o que não podia ser consumido pela criança.
Suas vidas foram profundamente mudadas porque num simples aniversário de amiguinho, muitos docinhos e salgadinhos, comuns em festas assim, nunca foram provados pela criança.
Isso gera realmente um stress , uma tensão pois por mais que essa criança fosse consciente , responsável , e apenas tendo 3 ou 4 anos, consideremos a vontade infantil.

Se a gente que é adulto saliva de vontade ao ver um doce na vitrine da padaria, imagina uma criança tolida de provar delicias, quitutes dos mais variados sabores e cores, que realmente saltam aos olhos.
Pois bem, como a maioria das alterações em crianças podem ser revertidas, a do menino em questão também foi.
Chegou a hora dele, já condicionado a não ingerir o que antes era toxina, provar de delícias outrora proibidas.
E agora vem o que para mim, foi o mais emocionante de toda essa história.
Quando ele pode experimentar um brigadeiro, seus olhos brilharam e o relato que deu a sua mãe ficará para sempre em meu coração:
- Mãe isso aqui é a coisa mais maravilhosa que eu já comi!!!
Pense nisso com a alma infantil, com a nossa criança interior!!!! Algo sui generis...
E segundo a mãe, nunca mais tirou um largo sorriso dos lábios.
A criança ou a mãe? Ambos!!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

As Bactérias




Um belo dia fui apresentada para as bactérias formalmente pela minha mãe. Na verdade ela estava preocupada com minhas mãozinhas sujas próximas do meu irmão bebezinho na época e quis me dar uma aula introdutória sobre esses seres microscópicos.
Naturalmente eu já havia provado a existência delas nas minhas amigdalites ,otites e a culminância foi quando fiquei rosada pela escarlatina. Detalhe que peguei esssas bactérias nadando inocentemente num riachinho de uma cidade do interior que há poucos metros dali boiava um porquinho morto em decomposição.


Mas neste dia em que minha mãe me explicou sobre os bichinhos minúsculos (microscópicos ) e invisíveis, talvez ela nem imaginasse como eu reagiria a tamanha informação. Ou a minúscula mas assustadora informação para uma criança de apenas 4 anos.
Depois de me falar que as bactérias ficavam no ar e em toda a superfície em que tocavamos, ainda bem que ignorei o ar pois teria dado pane naquela cabecinha... eu entendi a importância da lavagem das mãos.
Hoje em dia é a maior barreira contra a contaminação. Mamãe já previu isso ha mais de trinta anos .
Mas como criança tem uma imaginação muito fértil após a assepcia eu fechava a torneira com os cotovelos e abria a porta com o pulso. Nem eu mesma consigo entender como fazia isso.
Na minha fantasia, só as maos deveriam estar imunes e assepticas. Limpas para não contaminar com bactérias nocivas que causavam dor de garganta, dor de ouvido e dor de estômago nas crianças.
E assim eu me mantive integra e fiel ao ensino de minha mãe nem mesmo relando no bico da mamadeira ou na chupeta do meu irmão.
Bonecas e brinquedos que caiam no chão tinham que ser limpos com água e sabão para que as bactérias não sujassem minha brincadeira.
Também foi nesta época que larguei os meus hábitos de sucçào inadequados, a chupeta e a mamadeira. Meu pediatra também reforçou a importancia de deixa-los longe de minha boca afinal a noite as minhas sete chupetas caiam no chão e se enchiam de bactérias. Até mesmo aquela que eu gostava de passar no dedão do pé ficou menos atraente depois do reforço bacteriúrico do pediatra.
Pronto. Estava munida de muita informação microscópica e bastante neurose para me livrar.
Com o tempo esse furor bacteriano passou. Consegui me livrar da chupeta, a mamadeira ficou para anos mais tarde, e logo voltei a ser uma criança normal, desligada de hábitos tão neuróticos de higiene.
Até que minha mãe me pegou numa manhã chupando o chiclete que na noite anterior havia jogado no jardim.
Filha!!! Já te falei que está cheio de bactérias?
Cuspi a goma de mascar e fui tratar de organizar minhas bonecas. Já havia deletado tamanha carga de informação para tão pequena criatura.
Hoje não menosprezo os streptococos nem mesmo os estafilococos. Até ja tive vontade de apresentar as Sclerichia Coli para meu filho. Mas pensei : bobagem.Deixa esses seres serem descobertos na aula de laboratório. Menos assustador e mais pedagógico.
Só ensinar a lavar as mão já basta.

Chamando na Xinxa

Samy Braga
Esse é um termo que escutei a minha infância e adolescencia inteira. Quando meus pais se aborreciam comigo ou meus irmãos , se estavamos passando dos limites, logo um deles vinha e falava:
- Vou te chamar na Xinxa menina!!!
Sei lá quem era a Xinxa. Mas a gente tinha um medo imenso dela. Confesso que fiquei esperando essa Xnxa durante tanto tempo, até que percebi que nao era alguém, uma mulher autoritária mesmo que fosse alegórica , uma super nanny da época.
Comecei então a pensar que Xinxa era algum local. Então quando minha mãe me dizia vou te chamar na xinxa ja imaginava um lugar para se levar um sabão. Nesta fase da Xinxa pensava muitas coisas... Que lá na Xinxa iamos levar uns cascudos, ou um celeiro com muito sabugo de milho para ajoelhar e pedir perdão para os pais, ou mesmo o local de levar uns bons pitos ou mesmo onde os pais nos levavam para algumas palavras de reorganização de comportamento.

Mas também não era lugar. Mais pra frente lá na adolescência já imaginava ser Xinxa a consciência. Entao quando ela nos chamava na xinxa eu tinha uma imensa vontade de rir, por mais que a situação pedisse seriedade.
Afinal porque denegrir a imagem da Consciência? Esta entidade que podia ser individual, coletiva ou mesmo cósmica estava a se submeter aum apelido tão pejorativo: XINXA?
Então o tempo foi passando, eu sempre sendo chamada na xinxa por muitas vezes, mas a xinxa que era tão grande para mim, que já passara de uma mulher, de um lugar e mesmo a consciência passou a ser um termo , uma forma de falar , um desabafo de mãe e pai que está precisando de tempo, tranquilidade e de respeito diante dos comportamentos infanto-juvenis.


Então me tornei mãe, e me pego passando para a geração seguinte o termo Xinxa, quando chego para meu filho num momento em que está fazendo pirraça ou pegando fogo na casa de algum amiguinho:
Vem cá que vou te chamar na Xinxa....
Até que ele passe por toda essas etapas de saber quem, local ou o que realmente é, vai tempo, mas deixo para a imaginaçãozinha dele entender e compreender quem é essa tal de Xinxa que merece tantas vezes ser chamada....
Só sei que resolve que é uma beleza!!!!