segunda-feira, 31 de outubro de 2011

um casamento, crise de asma e vergão no braço.








Era julho de 2003 e eu ia me casar.

O primeiro casamento dos irmãos gera um alvoroço na família.
Primeiro são os preparativos, convites, local de festa, data e roupas para a cerimônia.

Depois de já entregue os convites, começa a chegar os presentes e isso faz da rotina da casa uma festa.

De véspera o inusitado acontece. Minha irmã amanhece no 24 horas com crise de asma. E minha mãe de tanta dor também procura a farmácia homeopática com um vergão dolorido no braço esquerdo.

Simbologias a parte a cerimônia precisava acontecer então já que ninguém esteve a beira da morte, tudo estaria confirmado para o primeiro grande evento da família.
Naquele sábado pela manhã toca logo cedo a cabelereira que viria nos arrumar em casa. Sim, dispensamos o Dia da Noiva, da Mãe e da Madrinha. Quanto menos fuzuê para nós todas melhor.

Os homens da casa: pai e irmão estavam a postos só a nos esperar.

E o mais marcante, minha irmã, companheira de quarto de anos a fio, de conselhos e desabafos, de vida lado a lado, amanhece cantando a seguinte frase musical:

eu não consigo ter você assim distante, são mil razões para chorar a todo instante...

E você? o que vai ser quando crescer?






Primeiro meu irmão queria trabalhar com vidro e com calçadeiras de sapato. Meio período cada.Depois descobriu que queria ser chefe. Espertinho ele... Acho que não devemos subestimar a visão infantil das coisas.
Minha irmã queria ser bancária para ficar maquinando. Depois quis ser veterinária. Sempre gostou de bichos. Desde os cavalos coitados sem água nem comida que passavam soltos na rua, até alimentar cachorros na porta de casa. Teve época que juntava uma matilha na calçada.
Eu quis ser cantora, atriz, bailarina. E de tanto querer hoje brinco com crianças para devolver a fala correta, cuido de vozes e vou levando a vida numa Valsa de Viena. Sonhadora.


Já vi crianças almejarem de tudo.


Uma criança com deficiência visual me contou que quer ser professora de creche. Fiquei a pensar na tamanha responsabilidade da professora que hoje modela seus sonhos infantis...

Meu filho quer ser engenheiro como o pai. Até chegar o vestibular muita água vai passar por debaixo da ponte de escolhas dele.

A filha de uma amiga quer ser a moça que embrulha os brinquedos na loja. Imaginou a dimensão desta função para ela?

Já escutei: quero ser bombeiro, policial, médica de tirar o nenê da barriga, dona de loja e empregada.
...



Hoje sou o que almejei ser quando criança. O que não contava é que isso só não basta.

De repente isso já não faz mais sentido. Crescer não é só na estatura. Ser não é só exercer um papel.Sei que vai ser difícil alguém me fazer essa pergunta.
Dou de ombros... eu mesma pergunto e respondo então:


- O que quero ser quando crescer? Quero ser é feliz. Independente da minha escolha.









Quando a amizade aplaca a dor.





Vez por outra vou adquirindo amigas novas.

É da minha índole me relacionar e permitir que novas amizades entre na minha vida. Nunca fui de poucas amigas, aliás tenho amigas nas mais diversas esferas. No trabalho, da faculdade, da academia, do colégio, do meu grupo religioso, da escola do meu filho, do trabalho do meu marido.


Já fiz amiga no ônibus, em festa infantil e na feira do livro. Já sofri na infância pelas idas e vindas de uma amizade, pela distância que teima em roubar da convivência nossos amigos e fiz dos meus irmãos amigos verdadeiros.





Já dormi segurando a mão de uma querida amiga porque teve pavor de uma prova de neuro-anatomia, na época da faculdade. E sinto que naquele momento nossas vidas se uniram para sempre, como num ritual, e nunca mais nos distanciamos , mesmo que fisicamente, sempre somos muito ligadas uma a outra.


E mesmo no período da faculdade quantas amigas não fiz, já que meu curso foi de perfil feminino então até as festas muitas vezes eram só para mulheres.

Também descobri no meu companheiro de jornada um grande amigo, quando o relacionamento atinge um grau de maturidade, a gente entre tantos papeis que desempenha, também percebe a amizade que o casal nutre, seja nas conversas seja no compartilhar das angústias e nos projetos de vida.

Nossos pais também vão se transformando em nossos amigos, onde temos o prazer da companhia e dividimos preocupações e felicidades.

Mas a vida tem suas curvas e nelas quando precisamos de consolo e palavras amigas, são elas que aplacam nossa dor.

Seja pela morte de um ente querido, seja pelos problemas corriqueiros e rotineiros, a amizade tem o poder de amenizar, sanar, deixar menos intenso os sentimentos que teimam em tirar nosso equilíbrio.

Sei que posso dizer do fundo do meu coração que agradeço as amigas e aos amigos que tenho,
pois que quando me faltam as pernas, é nos vossos ombros que me apoio...

E por curiosidade, Samira, de decendência árabe significa amiga inseparável, animada.




سميرة

Meu primeiro helicóptero







Sempre nutri pela Rosalva uma grande admiração. Porquê foi ela me surpreendeu quando criança, bem pequena com um presente inusitado.
Um dia estando a visitar minha família, me trouxe um helicóptero. Eu como menina achei aquilo o máximo. Brinquei bastante e não mais me recordo se depois deixei de herança para meu irmão, se destrui de tanto brincar ou se deram outro fim para o brinquedo. Na verdade isso mesmo não vem ao caso.
O que me chama a atenção quando lembro deste fato é a irreverência de quebrar tabus e dar brinquedo “de menino “ para uma menina. A reciproca é verdadeira. Porque mesmo que meninos não podem ganhar alguns utensiliios de cozinha? E porque será que meninas nao podem querer um “new beatle” para dar mais autencidade a brincadeira de casinha?
Sou mãe de menino e sempre observei meu machinho querendo brincar com as coisas de cozinha das amigas...nunca me admireio ou mesmo coloquei pulga atrás do pavilhão auricular...
Afinal, se ele vê o pai lavando louças ou fazendo um quitute de final de semana, nada mais natural querer simbolizar com tais apetrechos.
Num dos aniversários dele, ao ganhar um brinquedo repetido, trocamos na loja por um lav lav, de pia de cozinha. No calor era a sensação da sacada.. ele enchia de água, pegava sabão e bucha e ficava a lavar e lógico, fazer aquela molhaceira...
...
Da mesma forma que acredito qeu o AZUL embora seja a cor preferida da maioria dos meninos, também é cor que se vista em uma menina.
Ah, tá, e a reciproca das cores? Já vi muito menino vestido de camiseta rosa e fica uma graça.
Ou seja, naquele gesto de ganhar um helicóptero me libertei ainda pequena de estigmas impostos sem discutir e analisar, gerações após gerações.
E ainda vou encontrar a Rosalva para perguntar a ela se foi esse o objetivo. Se não foi volto aqui para retrata-la.
Porque para mim, ganhar meu primeiro helicóptero teve repercusão positiva por toda a minha vida.

Andança na vizinhança…





Vamos fazer uma andança
Por uma vizinhança
Ainda que haja mudança
Preserva muita semelhança

Era um lugar tranquilo
Numa rua de um bairro qualquer
Onde muitas tinham marido
E muitos também tinham mulher...

E nessa rua toda especial
Mesmo que fosse algo normal
Passei nela minha infância a brincar
E tenho muito para aqui te contar

Dona Rosa toda prosa
Fazia uma coxinha deliciosa
Vendia todas que ainda tinha...
Ixe , sumiu minha gatinha...


Dona Neide foi bem clara
Falou direto, na cara
Ou eu ou a viola
Musica só na vitrola

Gertrudes tinha um cantorzinho
De madrugada no muro soltava a guela
Assustava o menino vizinho
Acabou foi na panela

Valga tinha um passarinho
E a vizinhança um DEJAVU
E a fica a pergunta bem baixinho
Quem foi o tal SEQUINEVU?

Elza manicure faceira
Melhorava as mãos das vizinhas
Mas como boa minheira
Dava receita de pao de queijo e abobora batidinha

Dona Marlene bancaria três crianças
Sempre para dentro do portãozinho
De manhã todos na escola
A tarde a casa virava parquinho


Ah, também tinha o bar da esquina
Pra comprar pão, leite e outra coisinha
O troquinho mamãe ensinava...
Tinha que ser moeda e não balinha!

E Vô Delei um senhorzinho
Que a rua passava a varrer
Reclamou da sua sopinha
Quando sentiu a barriga doer...

E Vô Delei um senhorzinho
Que a rua passava a varrer
Reclamou da sua sopinha
Quando sentiu a barriga doer...


Era assim a vida de todos
Naquela rua pra la de maluca
Onde o carteiro se perguntava
Quem foi Malito de Lucca?

O URUTAU

Apareceu um Urutau
Lá no quintal
Com cara de mau
Pousado num pau

O avô avisou
Ligou, fotografou
O tio visitou
Mas o bicho não gostou

Então o Urutau
Não foi legal
Achou o canavial
Um melhor local

A noite chegou
Ele aproveitou
Olhou e voou
E saudade deixou

Isso é normal
Acontecimento banal
A foto ficou legal
Tchau, Urutau!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Coitadinho ou bem feito

Ela era pequena, uma criança de seus sete ou oito anos mas já percebia que diante de situações que ficavam um tanto nebulosas, para fazer juizo de valor logo recorria a sua mãe perguntando: coitadinho ou bem feito mãe?

Isso era para um ladrão que fora preso e agora estava algemado com cara de coitado, um animal solto que fizera algazarra e logo fora capturado pelos bombeiros ou mesmo um garoto que pegara o carro do seu pai e fizera estrago tamanho.

Hoje ela é uma mulher que já tem seus anseios, medos e vontades mas deixou para todos nós com quem conviveu com ela esta alternativa para entender o que ás vezes fica um tanto confuso.

Esses dias ao ver um touro avançar na platéia na Espanha , machucando vários espectadores inclusive crianças maiores e depois de se intalar numa vala da arquibancada e ser por fim sacrificado, fiquei me perguntando COITADINHO ou BEM FEITO? Quando no auge das investigações do crime que assolou o meio futebolístico com o sumiço de Eliza Samudio, sabendo da barbárie que foi submetida, mesmo sabendo que não tinha comportamento de boa moça para nossa cultura e costume também me perguntei: coitadinha ou bem feito?

O que a principio mostram se COITADINHO, como a carinha do velhinho do FMI sendo algemado e preso por assediar uma camareira na verdade pode se dizer um BEM FEITO pela justiça sendo feita. Alias, nós brasileiros vibramos com justiças sendo feita já que por aqui tão pouco se vê uma justiça cega, sem analisar a conta bancária ou a influência da pessoa.

E o que pode ser BEM FEITO num primeiro momento, tal como uma mãe sendo presa por ter deixado quatro crianças presas em casa por dez horas sem comida nem cuidados, ao analisarmos friamente as condições da vida daquela mulher, mesmo considerando os maus tratos com as crianças que sinceramente não há desculpa nenhuma, mas pensamos ser uma COITADINHA pelo sistema que a mantém na miséria, não dando conta de pôr comida e roupa ou seja sustento mesmo para quatro crianças. Mesmo com toda a responsabilidade e falta de juízo por deixar crianças trancadas, me pego pensando que realmente é uma coitadinha...

E assim a gente vai se questionando sobre as situações mais bizarras que atualmente enfrentamos com políticos sendo vaiados em restaurantes por serem ladrões disfarçados, ou mesmo pessoas do nosso contato próximo sendo desmascarados ou mesmo colocados em seu devido lugar.

O coitadinho ou bem feito é na verdade uma pausa para analisarmos friamente as situações, não nos submetendo de pronto a avaliar só com a razão ou só com a emoção.
Em muitas das vezes o gênero humano necessita de julgar, de culpar de explicar mesmo que internamente os fatos ocorridos.

Só assim conseguiremos entender os fatos que nos assolam o coração e a razão e continuarmos a acreditar que a vida, ainda vale a pena.

O avesso perfeito





Tinha por volta de 18 anos porque era férias de julho do curso pré vestibular. Estava querendo arrumar uma atividade relaxante. Como há muito o ponto cruz, um tipo de bordado, me interessava, comprei um kit.
Achei bem fácil olhando o esquema que veio na embalagem junto com as linhas coloridas,meadas como chamam as exímias bordadeiras, uma agulha grossa porém curta, um pano branco que seria a tela e dois aros que se encaixavam. Poxa, pensei, já vem com a moldura para virar um lindo quadrinho...
E mal esperei, já me instalei no sofá da minha casa, para começar o tal bordado ponto cruz.E assim passei horas deliciosas relaxando e achando que bordava...Estava quase acabando...
Mal podia esperar pelo pior. Toca a campainha.

Era uma grande amiga da minha mãe, cuja filha também fazia cursinho chegando para um chá da tarde.Ah, pensei. Célia também borda!!! Vou mostrar para ela como anda meu trabalho!!
Ela chegou, sentou , conversou, tomou chá, café , água e ai sim criei coragem para mostrar minha façanha.
-Olha Célia, o que estou fazendo... já entregando o bordado nas mãos dela...
Célia pegou os óculos, e num silêncio sepulcral nem olhou para a arte, logo virou o avesso.
- Nunca vi trabalho mais porco.
Silêncio novamente.
Perai, acho que ouvi errado.. Porco na verdade era pouco? ou ? ah, realmente, ela disse porco.
- Como assim Célia? Também você esta vendo do lado errado!! E virei o bastidor, isso , a moldura era um bastidor!!
-Mas Samira, o verdadeiro bordado se aprecia pelo avesso!!
-Vai la em casa querida que te ensino o AVESSO PERFEITO.
Nem preciso dizer que logo mudei de idéia e minhas férias tomaram outros rumos que não aprender a bordar a tal perfeição pelo avesso. Mas essa passagem pela minha vida me faz repensar quando achamos que tudo o que vamos fazer tem um modo de fazer tão sintético que cabe na embalagem.
Não. O modo de fazer das coisas e isso cabe ao trabalho, ao casamento, a criação de filhos e até mesmo a novas empreitadas como abrir um novo negócio ou mesmo se aventurar em fazer um bonito bordado não cabe num simples esquema.
Tem um algo mais, que talvez aprendamos de forma rude: nunca vi algo mais porco!! ou suavemente, com doces palavras que nem parecem criticas.
Mas o que vale é perceber que isso sim é o fazer da coisa. Isso sim é amadurecer e ver o que rodeia, o que permeia, o que ninguem vê num primeiro olhar..
Valeu Célia!!! Continuo amando bordado ponto cruz e hoje como consumidora sempre olho o avesso para ver se está perfeito!!!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Agora meu filho é.... um castor.



Antes eu desconfiava, agora tenho certeza. Ele e suas manias de guardar coisinhas em lugares nunca pensados por uma mãe. Só por um castor.
Ele guarda pedras , recortes bacanas e algumas peças de carrinho embaixo da almofada da minha poltroninha...
Na cama de baixo, aquela do amiguinho dormir, ele guarda o livro que mais ama: O LIVRO DO PIRATA. E agora atrás do sofá, onde só ele passa, guarda coisas das mais diversas, que me recuso a descrever.
Cada criança em determinada fase do desenvolvimento se assemelha a um bicho. Já teve fase do cavalo, essa era dentro da barriga, afinal não era chute, era coice...
Depois foi a fase do porquinho mamando na porca deitada. Nem se atreva a chamar a mãe dele de @#@$#$#$
Teve ainda a fase do passarinho no ninho: abria a boca e ficava esperando. E a fase da pomba, onde , bom, já sabem o que tinha que limpar.
Fases de cachorro ele passou por esses dias: adorava passear com a cabeça para fora do carro e a língua comprida pendurada... tudo para o meu pânico . Adorava entrar embaixo das mesas de jantar das diversas visitar que faziamos e ficava a cheirar o pé da turma. Ou quando eu reprimia ele, grunia como cachorro chorando..
A fase mais bonitinha foi a do gatinho, quando ficava me apalpando a barriga, ou o peito como gatinho faz com a mae gata.
Bom, ainda bem que é passageiro , afinal estou cansada de sentar na minha poltrona favorita e sentir coisas duras e pontiagudas a me atrapalhar o descanso.
E senta fico a esperar qual o próximo animal que ele passará a imitar o comportamento...

Os peixes que passaram por nós.




Desde sempre tive muita vontade de ter peixes em casa. Não , não é por nada de superstição, daquelas que dizem que peixe atrai fortuna. Simplesmente porque sempre gostei dos tais bichos a nadar e a gente a olhar pelo aquário. Simples assim.
Pois bem, tudo começou quando ainda solteira quis ter um Beta na casa dos meus pais. Comprei o tal bicho, e num aquario lindo, redondo, digno de desenho animado , coloquei ele em cima do rack onde ficava a teve.
Pronto, dois erros. O peixe beta nao se da com aquarios redondos e a tv emite ondas eletromagneticas que deixam o coitado agitado.
Achei o mesmo caido no chão , sem vida.



Foi o início do TADINHO, a sina de qualquer peixe que até agora passou pela minha mão.
Depois fui ter outro Beta quando casada, desta vez fiz tudo conforme manda o aquarista, porém o que não contava éra com os hábitos alimentares do meu marido, que lá pelas tantas da madrugada, ao passar pelo peixe em direção da cozinha a procura de algo para beliscar, pensava caridosamente também no aquático que ali se encontrava. Duas bolinhas para o peixe e um belisco para mim. Era assim que o TADINHO era tratado. Aflinal, TADINHO, só os humanos comem após o crepúsculo?
Ração escassa de dia e orgias caloricas a noite. Não a toa que o peixe quase pulava para fora do aquário aos finais de semana quando meu marido passava por ele. Peixe adestrado.
O triste fim deste foi ao viajarmos, deixamos grande suprimento de ração, e ao retornarmos, trocamos toda água do aquário. Este não suportou a diferença de PH da água. Sucumbiu. TADINHO
Não contente , peguei outro. Este teve uma bactéria e logo se foi. TADINho também.
Nesta época fiquei grávida, e minha vontade por ter algo para cuidar foi sanada. Agora teria um bebê com todas as necessidades que uma mãe imagina.
Depois que meu filho ficou maiorzinho, com três anos e um primo quis presenteá-lo com outro Beta. Ele amou e fazia todo o procedimento de alimentá-lo corretamente. Mas de novo, meu marido quis inovar na dieta do peixe e deu a ele larvas de moscas da banana. O peixe teve o intestino perfurado e morreu agonizando. Tad...

...





Recentemente meu filho foi sorteado como parte do projeto do semestre da escola, para trazer um peixe em seu aquário para passar uma noite em casa.
Fizemos tudo conforme orientados, o que não contava era a volta do peixe para o recinto escolar.
Imagina um peixe, dentro de um aquário, com muita agua , dentro de uma caixa de sapato, no meu colo, sacolejando no meu colo pelo caminho ate chegar a escola. Não estava diriigndo... estava de carona. Para esse regresso pedi ao avô que nos fizesse o serviço de transporte. Mais uma vez ouvi: TADINHO.
Neste dia, cheguei na escola toda molhada de água de peixe, e meu filho solidário batendo em meu ombro:
-Mãe é assim mesmo, caiu muita água em mim quando eu levei ele pra casa.
TADINHO!!!!

Mãe, para onde eu vou depois de dormir?

Mãe, para onde eu vou depois de dormir?
Respirei fundo, já estava sentada no carro para irmos embora da casa de minha sogra. Era sexta feira a noite e triunfante pela pergunta profunda, existencial que meu filho que na época com 4 anos fizera, me emocionei.
- Filho... disse para ganhar tempo e montar aquela frase filisofica, com todas as informações para que ele pudesse compreender a emancipação da alma.
-...a gente deita na cama, o corpinho descansa e nossa alma, espírito, assim chamamos nossa essência...
- Não mae, comecou a chorar... para onde eu vou depois que dormir? Me fala logo...
- Filho, estou te explicando, olha é complexo demais, talvez voce tenha me feito essa pergunta muito cedo, ou eu nao esteja preparada para te responder, mas a gente vai voando, por lugares bonitos, aprender coisas novas, com amiguinhos tambem em espírito..
- Mãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaae.... choro compulsivo.
Ai, pensei, fui longe demais. Acho que deveria ler um pouco sobre para poder lhe falar com tranquilidade...
Nisso, o pai entra no carro:
-Porque você esta chorando filho?
-Porque eu quero saber para onde vou quando dormir??? Buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa....
- Olha bem, que lindo, chegou a hora de explicar para ele sobre espírito, alma. Estou emocionada!!!
-Vai com calma!!! Não acho qeu seja isso... retrucou o pai cético demais para meu gosto.
-Filho, me fala de novo o que vc quer saber?
- Eu quero saber se amanhã eu vou para a escola ou se fico com vocês....
Triste fim da ilusão da mãe achando que seu filho estava pronto para saber as verdades do espirito...

O GATO COMEU A LÍNGUA DELE...


É o que se diz quando uma criança não fala. E aqui estou me referindo ao atraso na linguagem e fala, e não a timidez.  A família de uma forma em geral: mãe, pai , avós , tios  ficam todos  bastante incomodados com esse silêncio que na verdade dentro do densenvolvimento infantil  tem  hora certa  para começar.  Na verdade,  o início da comunicação da criança é o choro, pois se para o bebê é a forma que tem para expressar dor, fome e vontade de carinho, dentre outros, para os pais é o que mantém esse rudmentar diálogo.
- O que você quer bebê? Está com fome? Ou essa fralda que já esta suja?
Quando falamos com o bebê , o processo de comunicação se estabelece. A criança percebe que para ser atendida tem que emitir algum som.
 nos próximos meses, com 5 ou 6 meses ou até menos, o bebezinho começa a soltar o gorgeio. Aquele aaaaaaaaaaaaaaaaaaa , ou uuuuuuuuuuuuuuu, que faz a família ficar cada dia mais apaixonada.
Isso também já é comunicação, e embora os pais nem imaginem, quando a gente bate palmas ou se alegra com esses sonzinhos, a criança é reforçada positivamente e torna a fazer os sons que na verdade são como forma de brincar com seus orgãos fonoarticulatórios.
A próxima etapa são os DADADÄ, TATATA, PAPA, e nesta fase, a gente puxa a sardinha para o lado mais conviniente: papa é papaiiiiii, nossa ele ja disse papai!!! Ou MAMA, entao filho você quer mamar? Olha ele falou mamãe!!!!
Isso também faz com que o bebê continue na aquisição de  fala e linguagem, que vai durar até os  2 anos.
Uma criança que está demorando a falar ou fala muito pouco merece investigação minuciosa.  Fez o teste da orelhinha quando recem nascido? Tem caso de atraso de linguagem na família? Não porque se tiver é considerado normal, mas para detectarmos a pré disposição da criança em termos de linguagem.
Escuta-se muito assim: ah, o pai dele também demorou a falar. Então é normal.
Engano. Hoje em dia estamos vivendo a era da comunicação. Até nossos parâmetros mudaram para exigir das crianças que todos os sons sejam adquiridos.  Até os quatro anos a criança deve estar falando todos os fonemas ( sons das letras) integralmente. Ou seja nesta fase tem competência para que seu sistema linguistico esteja preciso, dominando a fala.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O alimento do convento

Vez por outra meu pai nos convida para almoçar no convento de final de semana. Ele fica dentro de uma escola cercada de sombrosas árvores, e a calmaria diferente dos dias de aulas, faz duvidarmos que por ali passam muitas crianças todos os dias.
Quando a gente chega já vai sentindo o ambiente tranquilo e sereno, o formato educacional religioso de ser daquelas freiras que mesmo depois de trabalharem a semana inteira ainda se dispõe a abrir o refeitório e com todo o respeito que a deixa me concede, servir uma santa comida.

Ao adentrarmos o corredor já somos recepcionados pela madre superiora que nos recebe com um abraço apertado e macio e palavras carinhosas principalmente se entre nós existem crianças.
Muito atenciosa, sempre lembra também se algum de nós precisa de uma bebida sem açucar e faz questão de trazer na mesa um pouco de gelo..
Quem escolhe passar pela expêriencia de comer tal comida fica se sentindo muito bem o restante do dia.

Dizemos entre nós que a comida nao pesa. Muito leve e farta. E embora seja ali uma escola de primeiro grau, lembra mesmo um refeitório de faculdade. A jarra de suco transita entre as mesas, no total três que vão de fora a fora no recinto. Cada um que chega, pega seu prato, copo e talheres e se serve na bancadas. Sempre tem uma sobremesa, geralmente aos domigos, os quais mais frequentamos, sempre o bolo formigueiro. E uma fruteira com laranjas mexericas, bananas e maças.
Ah… a comida do convento é boa demais.




...
Outro dia muito simpática a madre superiora quis levar meu filho para ver suas tartarugas e demais bichinhos no quintal. Também acenou para a idéia de brincar um pouco no parquinho próximo ao quintal que pertence também a escola.
Era um sábado frio e ventava bastante. Quando o vento apertou anunciando que logo viria um temporal ela disse:
- Vamos voltar porque aqui tem bastante árvores, pode ser perigoso.
Naquele dia., mal sabia que meu testemunho para a dor estava por acontecer.
Ela foi a nossa frente já que devido a um problema na panturrilha não poderia nem deveria correr. Foi a passos largos.

Já eu fui puxando meu filho que teimava em dar a última escorregada no brinquedo.
O vento piorou e quando estavamos próximos à porta, cai um coquinho em meu ombro esquerdo muito próximo ao meu filho. Realmente foi um milagre o côco ter acertado o meu ombro e não a cabecinha do menino.


A dor foi insuportável, mal conseguia falar e agora correr estava sendo difícil demais. Afora que devia me esquivar de novos cocos e cuidar do meu filho para que ele nao corresse perigo também.
- Vamos! Corre!! Você parou? É perigoso ficar por aqui nesta ventania...
- Caiu um coquinho no meu ombro. Dói demais. Tentei falar com dificuldade e pedindo também uma palavra amiga...

E ela dizia ofegante:
- A dor também ensina...
E eu:
- Mas já nao basta a dor da saudade, me referindo a perda da minha mãe.
- Esta sendo convidada a desfocar a sua dor. ...

E como se nao conseguisse nem respirar, chegamos a escada que nos levaria de volta ao refeitório.
Ela se prontificou e trouxe de sua caixa de primeiro socorros uma pomadinha. Passei com vigor na tentativa de que a dor fosse eliminada.
Que nada. Essa e a outra dor demoraram muito a sumir. Essa quase duas semanas. A outra acho que vai doer para sempre.
E sei que no convento sempre me alimento. Tanto do corpo quanto da alma.