sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Crônica de várias noites mal dormidas…

Pois bem. Nada bem. Já fazia noites e mais noites que um som alto, proviniente de um carro com um inútil passava perto do meu prédio por volta das 4 da manhã e me acordava. E eu ficava praguejando aquele infeliz que com tamanha insensibilidade deveria acordar outros moradores da redondeza.
Foram muitas noites assim, acordando e tentando dormir depois que a música alta, de mal gosto e estrondosa cessasse.
Uma madrugada eu me irritei tao profundamente que levantei , abri a janela e flagrei o trambolho que me irritava: uma caminhote com um ser dos mais pestilenciais. Consegui também ver que ele morava no prédio ao lado do meu, e consegui ver até onde ele guardava seu carro de som da madrugada. An otei mentalmente e voltei a deitar, porque dormir era demais impossível, estava a ferver de raiva.
O tempo foi passando e ou ele mudou do predio vizinho, ou mudou de hábitos ou meu sono ficou mais pesado.
O que posso referir é que não mais escutei o tal vizinho causador de insônia em mim e vários apartamentos ao lado.
Essa noite, num sobressalto acordei com a tal música alta, a música do vizinho infeliz, e resolvi que algo iria fazer.
Resolver aquele embrólio para mim e para o resto do condomínio que dirá os moradores do condomínio dele.
Era na verdade uma decisào de final de ano... Não aguentaria passar mais um ano acordando de sobresaltos toda noite. Ou ficar esperando a noite que ele passaria com seu carro de som.
Então fui até a guarita do meu prédio do barulhento assuntar.
- Você sabe me informar quem é o porteiro da madrugada do outro prédio?
- Sei sim senhora. Ele fica até as 8. Depois outro porteiro que pega.
-Pega? Como assim?
-Que pega no serviço.
Eram examente 7:30 da manhã. Dava para ir , a passos largos, perguntar sobre o tal barulhento da madrugada. No caminho fui ensaiando como iniciaria a conversa sem que pudesse ao menos levantar suspeita ou ser entregue pelo porteiro.
No meu imaginário fazia a idéia de um playboy baladeiro, que quando me acordava estava voltando das noitadas. E passava o dia todo a dormir para se recuperar dos Randevus que se submetia a ainda por cima deixavam todos os vizinhos com olheiras por dias e dias.
Cheguei na portaria. Respirei fundo e comecei:
-Bom dia! Gostaria de saber porque uma caminhonete chega toda noite com música alta.
- Ah, o dono dela coleciona broncas de todo mundo viu..
-Hunf.. me acorda toda noite...
-É que ele sai do plantão em Serra Azul, e para não dormir na estrada liga a música alta.
Neste momento me senti um lixo. Não, me senti meio lixo.
-Ele é médico? Qual especialidade?
-Ele trabalha de intensivista. Socorre pessoas que sofreram acidentes na estrada.
- E morre de medo de morrer nela também ne?
-É. Por isso que vem com a música no talo. Pra não dormir.
-Então deixa um recado pra ele?
-Pois não. Mas só vou entregar quando ele acordar tá? Senão to enrolado...
-Deseje a ele um Feliz Ano Novo!E pergunte e a ele se não dá para escutar a música de janelas fechadas pelo menos...
-Falo sim. Mas ele fica de janelas abertas mesmo porque além de não ter ar condicionado , o vento batendo na testa é mais uma ajuda para não dormir!
-Então tá.Feliz Ano Novo pra ti também!
E sai de lá com outra visão sobre os meus despertares. Desta vez um pouco mais disperta. Para os motivos que cada um tem para agir.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Filé e Zeca

Filé e Zeca são dois cachorros de um grande hotel de Minas Gerais. Seriam apenas dois cachorros de hotel se não tivessem algo a ensinar a quem tivesse olhos de ver...




Filé, um labrador de quase 80 quilos, preto e castrado. Talvez por ser castrado ficou tão obeso. Se deitava escarrapachado próximo a uma parede , especialmente uma, a que passava a tubulação de agua quente, propositalmente para se aquecer.
Segundo conta a lenda, era um namorador de primeira, deixou filhotes por todas as paragens da redondeza. Mas andou levando uns cascudos por ai e resolveram castrá-lo.
Filé já sabia dos horários do restaurante do hotel. Se posicionava na saída, para ganhar pão de queijo e guloseima dos hóspedes de bom coração e das crianças que queriam desovar o presunto..
Um canino bonachão porém muito preguiçoso e bastante vagaroso devido seu peso. Desproporcional para um garanhão de outrora...A meu ver, sofria pela vida de prazeres da boa mesa apenas...







Zeca, um boxer esbelto, naturalmente mais novo que Filé e de cor caramelo.
Um cão andejo, de natureza desbravadora, gostava muito de acompanhar o grupo de hóspedes metidos a atletas pelas trilhas próximas ao hotel.
E foi numa destas trilhas que conheci um lado interessante de Zeca...
Passavamos por uma estrada de terra e Zeca sempre atrás para nos proteger. Num dado momento, cachorros da cercania, mais precisamente de um sítio local começaram a latir vorazmente deixando o grupo desconfortável com relação a segurança.
Zeca, tomou atitude de guardião se aproximou do cachorro líder do sítio, um pastor alemão nervoso que solto, continuava a latir. Nosso defensor não latiu, não avançou. Apenas olhou. Um olhar que entre cães deveria ter um grande significado. Os latidos foram cessando e continuamos nossa caminhada.
Mas algo ficou para mim, estudiosa que sou da comunicação e em especial da comunicação não verbal. Olhar. Como podemos dominar por um olhar, por um gesto.
E continuei a acreditar que cão que late não morde...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Tudo por um sorvetinho



Eu e minhas manias de bater pernas, camelar. Quando eramos crianças , eu como irmã mais velha tinha incumbência de levar meus irmãos no dentista. Meu dentista ficava numa região e o dentista dos meus irmãos em outra, ambos na região central de Ribeirão Preto. Mas mamãe dava dinheiro para nos locomovermos de ônibus para não nos cansarmos.
Eu que sempre fizera caminhadas pensando nos benefícios já ia convencendo os pequenos de camelar um pouco e assim tomarmos um sorvetinho no final do caminho.
E com isso era uma "sagaz convencedora de crianças": só mais dois quarteirões...
Nisso minha irmã , a mais nova , com seus cambitinhos não se aguentava e já logo ia chorando me retrucar:
-Já faz um tempo que só dois quarteirões e nada de chegar Samy...
-Calma. Agora realmente faltam apenas mais dois.
...
Esses dias me pego repetindo a saga, agora com meu filho.
Era uma tarde quente de verão ribeiraopretano e ele querendo tomar um sorvetinho me pediu para irmos na sorveteria.
- Vamos sim, a pé.
-Ah, mãe... to cansado, falta muito?
-Só dois quarteirões filho.
-Mãe , já faz tempo que você disse que só dois quarteirões mãe.... e nada....
Pausa para risos...
Lógico que a sorveteria chegou e tomamos um grande morango split.
Valeu a pena....
Mas a volta? Foi no colo...

domingo, 11 de dezembro de 2011

Violetas e girassóis

Minha mãe sabiamente usou da metáfora das flores para me orientar na adolecência sobre a forma de me portar e vestir.
Era um sábado a noite e teria “brinca” na minha rua. Eu estava animadíssima para ir dançar na garagem da casa da Elza. Era aniversário da Angélica, e muito som ia rolar.
Minha mãe vendo eu me aprontar para a festa, foi com muita sutileza e disse:
- Filha, não coloque a mini-saia não. Vá de calça comprida.
-Mas mãe, tá calor e eu quero ir com a minha roupa nova.
- A mocinha deve ser como violetas ,que para serem admiradas, deve-se chegar perto e olhar com cuidado e não como girassóis que de longe se vê a presença.
Não precisou  de muito para que eu fosse convencida de que deveria me vestir mais reservadamente para aquele evento da minha adolecência..
Ainda disse:
- A roupa pode enganar. Você tem apenas 13 anos e se um mocinho chegar para conversar contigo com uma roupa mais extravagante pode parecer que tenha mais idade. Isso não vai ser legal para você...
Neste momento preferi acatar a visão de mundo de minha mãe e fui mesmo chateada com calça e blusa, mas fui dançar na brinca da rua.
Entendi a preocupação de minha mãe quanto a postura das adolecentes quando vestidas de roupas curtas e as vezes equivocadas.
Também entendi a metáfora das flores, e acredito que se toda mãe tivesse a preocupação que a minha teve ao me orientar quanto a vestimenta , uma série de situações poderiam ser evitadas com meninas altamente produzidas mas com mentalidade infantil ainda.
Não sou moralista nem mesmo acredito que só a roupa pode determinar as nossas ações, mas sabemos que a forma de nos vestir é um tipo de comunicação, talvez um aval , um ok, uma senha.
Hoje mais do que nunca sei quando devo me portar como violetas ou como girassóis. Cabe a cada situação. Só que hoje sou senhora das minhas ações. Sou adulta e sei bem o que quero comunicar através das minhas vestes.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Pão de Queijo



Esses dias pensava no motivo de eu gostar tanto de pão de queijo. Comecei a relembrar que, na época da faculdade estudei numa cidade que embora ficasse no estado de São Paulo, convervava muito a característica e hospitalidade mineira: FRANCA.
E por lá o pão de queijo sempre fora muito usual, aliás nas cantinas era a tiéte.
Mas não.
Não fora lá que peguei o gosto pelo pãozinho temático.
Também comi muito pão de queijo na cantina do SENAC, quando fazia datilografia. Nossa... o que é isso diriam os mais novos... Deixa para lá.
Lá também não foi o motivo de gostar tanto do danado do pão de queijo.
Então puxei mais um pouco a memória e lembrei da época em que tinhamos uma tia materna em casa a Tia GRACIETE e que ela fazia muitos bolinhos de polvilho. Eram quase pães de queijo, apenas um pouco mais duros com uma crocância que quase quebrava o queixo.
Mas também não era.
Entao me recordei com doces lembranças que quando éramos todos bem catatauzinhos, eu e meus irmãos.
Foi nesta época, nas idas aos pediatras e demais médicos que passavamos quando crianças, que ao sair do consultório com boas notícias minha mãe dizia:

-Vamos comer um pão de queijo? Afinal né , está tudo bem com minhas crianças.

Doces e ternas lembranças de quando celebravamos nossas saúdes com um pão dequeijo na mãozinha da cada um e um copão de suco de laranja.

Então, agora refrescada minha memória sobre o real e verdeiro motivo de gostar, apreciar e elaborar tanto o pão de queijo, hoje ele tem um sabor mais que especial.

Lembrar de minha mãe que diante da simplicidade da vida, fazia a todos nós valorizar, agradecer e comemorar a nossa saúde!!!!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A tal da lição de casa….






Afinal. Lição de casa é para o estudante ou para os pais?
Por anos a fio, enquanto minha visão de mundo da liçào de casa só me permitia ver com olhos profissionais: eu falava de boca cheia que era muito fácil e ainda dava palestras sobre o tema.
Até que eu me tornei mamãe e muita coisa mudou na minha pequena, fantasiosa e equivocada visão sobre os deveres de casa.
Quando eu somente tinha a postura profissional envolvida, eu me assegurava de um livro cuja autora discorre o tempo todo em como ajudar seu filho nos deveres escolares.
Eu achava que aquilo era o bastante para encarar diariamente os deveres escolares.
Vamos lá: dever escolar é a fixação do aprendizado. Certo? Então quem faz é a criança.
Pausa para pensar... refletir e rever os valores.
Tem que ser em um ambiente tranquilo, livre de qualquer ruido e aqui vamos elencar: rádio, televisão, celular, ipad , ipod, mp3, 4. etc.
Tem que ser numa mesa, pode ser da cozinha, desde que esteja livre de qualquer objeto, limpa. Pode ser na escrivaninha do quarto da criança ou mesmo no escritório caso exista esse comodo na casa.
Mas tem que ser ambiente livre , inodoro, sem qualquer atrativo para se executar aquilo que é de fundamental importancia para o bom andamento escolar.
Numa lição de casa se enxerga o funcionamento da casa. Se enxerga o quanto os pais se empenham na tarefa de possibilitar a aprendizagem, não em executar a tarefa do pequeno.
Então, mal feito, feito pelas metades ou lindamente executado é a criança quem deve fazer. Mesmo que para a professora , ao receber algo inacabado, ela terá condições de entender o quanto o aluno está compreendendo, indo bem ou mesmo precisando de ajuda específica. Caso contrario os resultados ficam maquiados, se os pais , responsáveis ou irmãos mais velhos façam pela criança.
E agora quero falar da minha experiência com as lições de casa: como sempre , tudo que se refere a filhos, fases, etapas, evoluçòes, estou em processo.
Afinal tenho um filho de 5 anos, menino, que gosta de brincar , e para tanto, faço uma manobra quase que de malabarista para que o momento liçào de casa seja o mais gostoso. Ainda não é. Mas como sei que essa função de mãe perdurará por anos a fio, ano que vem estaremos em nova etapa. E tudo será diferente.
No quesito sentar e se concentrar. Porque continuo sendo uma mãe mediadora, buscando a organizaçào do material e positiva.
Sim, essa é a atituda de qualquer mãe que queira ser util e adequada no processo de liçao escolar.
Afinal, a nossa liçào de casa é possibilitar uma lição de casa dos filhos adequada!
Essa é a nossa parte. Só esta. Nào tão pequena, mas singular.