quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O movimento da vida





Uma coisa que gosto de observar e o movimento da vida das pessoas. Algo como a modificação que o tempo causa , a maturidade chegando, as experiências como divisores de águas e porque não as dores como alavanca para uma significaçào melhor de vida.
Ele era repórter e hoje é político. Ela era farmacêutica e hoje psicóloga. Também tem o motorista de ônibus estudantil que se tornou sociólogo. São tantos casos. Tenho certeza que você deve estar elencando seus exemplos também.
Quando eu era criança, quase adolescente achava erroneamente que isso era sinônimo de indecisão ou mesmo fraqueza.
Mesmo na época da faculdade quando uma colega desistia do curso para tentar outra carreira, eu equivocadamente julgava que não tinha sido perseverante ou mesmo nao sabia certamente do que gostava.
Hoje, balzaquiana, mãe e observadora da vida, me pergunto se demora tanto para a gente mudar de opnião assim como mudar de profissão.
A vida não é estática. Hoje temos uma visão da vida que ontem não tinhamos. Penso muito por minhas experiências. Antes de ter um filho eu adorava trabalhar muito. Sempre quis ter meu consultório cheio e se tinha tempo ja preenchia com alguma atividade para não ficar parada. Até aos sábados eu tinha muitas atividades profissionais.
Hoje minhas prioridades mudaram. Trabalho sim, gosto, amo o que faço mas não penso tanto na quantidade, nem nas minhas superações numéricas. Penso em exercer bem a minha profissão mas doso meu tempo com a função da maternidade.
A maternidade é divisor de águas na vida de qualquer mulher. Sim, afirmo categoricamente porque desconheço qualquer mulher cuja vida não mudou em todos os sentidos de sua vida.
Morava em apartamento e sonha em viver a velhice em uma casa. Ou passou a vida inteira numa casa grande e hoje quer a segurança de um apartamento.
E assim a dança da vida, valsa para alguns, samba para outros ou rock para quem se identifica vai convidando a todos indistintamente a dançar pelo seu movimento.
Feliz de quem percebe isso uma dança, e move o corpo no ritmo musical e nào se estagna, como se tivesse um cabo de guarda chuva nas costas teimando em se curvar.

A arte de apelidar




Na minha casa, quando criança ainda, sempre que podiamos, recorríamos carinhosamente a apelidos para se referir entre nos mesmos.
Eu sempre fui a Loirinha , que já teve sobrenome Ardida, em tempos longíquos fui a Benção Divina... fico a me perguntar porque perdi tão angelical apelido. Talvez porque sou dialética e tenho dentro de mim o bem e o mal...
Minha irmã a Pretinha porque foi a única morena da casa e seus cabelos realmente eram e ainda são pretinhos. Naquela época nao era pecado se referir assim a alguém. Ela conseguia ser bem criativa: Nina, Nerciça e Ferdinando para o famoso Ferroca.
Pio meu irmão do meio, Mir , meu pai e Gatona minha mãe. Apelidos carinhosos com um motivo de ser no momento mas que agora a memória não ajuda para explica-los.
Também estendiamos essa tradiçao familiar aos nossos amigos, chamando um de Tulusão , outro que adorava beijar de Beijoco e até o pintor de Luly. Lógico que isso era bem respeitoso e saudável, quase um código familiar já que não abriamos nem expandiamos isso para os quatro ventos. Era um segredo de estado.
Mas isso foi crescendo, e alguns apelidos pegaram mesmo. Hoje sou a Samy, o Pio perpetuou e mesmo que a Gatona hoje nos olhe de cima de alguma núvem já adquiriu um novo e carinhoso apelido do seu primeiro neto: Vó Kinininha.
Ele também não escapou dos apelidos dos tios: neido, móido. O avô também acrescentou Lolinho e o pai sempre o chama de Zé.
Eu como a mãe sempre fiquei de butuca esperando minha oportunidade de retribuir os apelidos carinhosos do meu filhote. Sendo tia um dia seria bem gostoso ajeitar uns codinomes...
E como a cegonha tarda mas não falha, esse ano Deus nos presenteou com dois nenes na familia, já que meu primogênito estava reinando demais por essas paragens.
Agora estou satisfeita. Posso deitar e rolar nos apelidos, carinhosos a propósito mas que só uma familia acostumada com tal prática tem a excelência em fazer.
Assim, vamos perpetuando a tradição e espero que meus sobrinhos peguem leve ao apelidar essa tia que estava chateada de não ter ficado para titia...

Besta, almofada e mingau.


Brodosqui, 1977.

Eram três primos crianças, entre cinco e dez anos: João Virgilio, Ulisses e Cláudio. Como todo menino da época eram viciados em Fórmula 1. Eu era a prima menina de dois anos que ora estava de passagem na casa deles. Para quem não se lembra, uma criança de dois anos está em fase de aquisiçào e desenvolvimento de fala e linguagem.


Depois do almoço, sentados no sofá, assistiam o programa esportivo, e nervosos porque o Fittipaldi ou o Piquet não tinha alcançado a pole pósitron, jogavam com força a almofada no chão. Nuum acesso de ira e gritavam:
- Besta!!!!

Para uma criança que está aprendendo as palavrinhas, não precisou de mais nada para que eu associasse que BESTA significava almofada.
E por ai foi, até que um dia pedi para o mais velho:
- João, me da a besta:?
-Que isso menina, não fala bobagem...
Como ele não entendera eu mostrei para ele pegando a almofada e jogando no chão:
- Besta...
Ele morreu de dar risada, chamou a mãe, Corina para mostrar o que havia escutado e todos eles riram muito do fato.
A mãe dos três, minha tia, me ensinou o verdadeiro sentido daquela coisa quadrada de tecido que ficava em cima do sofá. Entendi então o nome verdadeiro : almofada.
Mas para mim, pequena aprendiz que teve como professorezinhos três meninos que já verbalizavam suas raivas e emoções, me deixaram um olhar diferente sobre o fato de jogarem a besta no chão.
Era época de safra de milho e minha tia fazia um curau como ninguém. Porém em Brodosqui ninguem conhecia como curau, e sim como mingau.
Depois do almoço ela chegava na sala, com todos os meninos a postos para jogarem a tal besta no chão, e perguntava:
- Quem vai querer mingau?
Meu pai , que por ali estava agradecia.
- Deixe para as crianças. E intimamemente se bem o conheço devia pensar assim: ecati...
E a semana foi se seguindo.
-Quer minguau Paulo? Está acabando hein.
A mesma resposta se seguia.
-Deixa para as crianças.
Na sexta-feira ela reforçou:
-Olha o minguau de milho está acabando Paulo... eu sei que você gosta...
-O que ? Era mingau de milho? Eu adoro... mas conheço como curau.. Porque você não me disse que era curau?
- ‘E que aqui a gente chama de mingau...
-Mas eu sou uma besta mesmo...
Olhei tácita, para ver o que se referia de novo a tal palavrinha que para mim era o significado de outra coisa. Realmente ele tinha chegado atrasado na poli position.E podia com toda razão jogar a almofada. Tinha se passado por besta...

Quem ensina quem.







Afinal, quem ensina quem no curso da vida?
Quem ensina quem, é o que vemos hoje em dia quando nos deparamos com as crianças que hoje habitam nosso planeta...
Não vou restringir isso a maternidade, tema esgotado e óbvio quando dissemos que os filhos nos ensinam. Pura verdade. Mas quero ir além.


Quem ensina quem quando numa aula, a professora se depara com um aluno que pensa , funciona e age de forma diferente do restante da sala?
Quem ensina quem quando somos colocados em cheque quanto aos nossos valores já que tudo o que pensamos pode ser mera convicção cultural, religiosa, regional?
E numa empresa que ainda nos moldes antigos de funcionar recebe um novo funcionário recém formado cheio de conhecimentos e técnicas novas para aplicar?
Conflito de gerações são comuns, ainda mais hoje quando nos deparamos com os baby boomers, x , y e z.
E cada um com sua peculiaridade e forma de pensar e funcionar. Tai uma interessante forma de aprender uns com os outros. Mas para tanto precisamos de vontade e disposição interna.
Aprender é um convite. Quando crianças somos empurrados ao aprendizado. Sim. Pois se papai e mamãe não nos levasse na escola para aprender o beabá, ficariamos aprendendo apenas amenidades, não menos importantes para a vida, mas que no mundo de hoje não salva e nem forma ninguém.
Depois de adultos também somos convidados a aprender. A duras penas as vezes, de forma leve em outras ocasiões. Mas sempre que aprendemos quando adultos já não é com o frescor da criança.
Já temos que jogar fora o ensinamento velho, que ora não mais funciona e trocar por um novinho, atual, que se ajeita muito bem nos dias atuais.
Penso nisto com relação as tecnologias, que para os representantes da geração x y e z são ferramentas quase que essenciaism para os baby boomers( pessoas com mais de 50 anos) parece uma tralha a mais para complicar a vida.
E quem vai ensinar os baby boomers a mexer nos Ipads, ipods mp3 ou 4? Os mais novos. Os que aparentemente são desprovidos de conhecimento, talvez apenas o conhecimento de mundo. Mas ensinam a incluir nas nossas atividades cotidianas as tecnologias a nosso favor.
....
Um pai de sessenta anos sentado para tomar seu café da manhã, pega seu jornal e começa a ler. O filho de vinte e poucos anos chega para tomar também e diz:
- Quando mesmo pai você vai parar de ler noticias atrasadas? Toma meu tablet e veja as atualidades.



Quem ensina quem mesmo?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A nossa fibra









Sempre penso no porquê que nós, mulheres modernas , que num dado momento da História numa praça repleta de mulheres revoltosas de suas condições sócio –afetivas , queimaram os sutians num ritual de tentar sermos iguais aos homens.
Até uma certa fase da minha vida eu achava isso o MÁ-XI-MO!!! Mesmo porque nesta fase da minha vida eu era uma adolescente que tinha a mãe que trabalhava, e pensava que era muito fácil ser todos os papéis que uma mulher vive depois que se forma, casa e tem filhos.

Afinal? Se eu vou para a faculdade, e se tiver sorte me casar com um cara legal, e se pudermos ter filhos, eu vou querer atuar na minha formação e ser parte atuante na economia da casa.
Então, eu tenho que ralar, me submeter a dobrar e triplicar períodos de trabalho para poder colocar dinherio em casa em nome da Qualidade de Vida que junto com o conjuge quero proporcionar a minha família.

Que ilusão mais desmedida.

Porque não temos a mesma fibra que a figura masculina. Fibra muscular, fibra de resistência, fibra de esgotamento.
Sabemos que ao galgarmos nosso espaço no mercado, acumulamos as funções apenas. Não nos libertamos de nada.
E mais, hoje vejo mulheres aos montes, esgotadas, sem viço, acabadas de tanto trabalhar e ainda assim, ao chegar em casa, cumprir os deveres domésticos e familiares.
E ai, como fica as relações entre mãe e filho, que muitas vezes requer presença? Como fica a lição de casa, já que caiu a noite e estão todos cansados? Como fica o diálogo? Como fica a dispensa, o armário, o guarda roupa? Como fica a unha e o cabelo, pequenos deleites que toda mulher deveria ter o luxo?
Não estou aqui falando de passar a tarde toda no salão, mas porque não ter a vaidade em dia?
Penso que ao nos lançarmos no mercado, competindo com a figura masculina estamos sendo comparadas a força, a garra e a resitência do homem.
E não somos assim. Somos frágeis diante de tanto estresse que somos submetidas ao ficar no trabalho mais do que deveriamos. E muitas vezes nem sequer sabemos qual nosso limite.
Só paramos quando a coluna trava, a LER aparece , a voz some.
São os sintomas , o corpo esguelando para parar, para dar um tempo, para mudar o rumo, o foco, respeitar a fibra.
Temos fibra. Somos multi funcionais. O nome parece de impressora mas se aplica a mulher.
Mas nossa fibra é frágil, pode se despedaçar se submetida ao esforço inapropriado.
Juntas, a nossa fibra, aliada a outras mulheres se fortalece mas mesmo assim, não é suficiente para enfrentar a força, o baque. Semelhante a corda, podemos sucumbir.
Sério, pesado, mas para refletir. Fibra que submetida a processo pesado se torna bagaço. E quem quer ser bagaço?

Somos frágeis.. e que mal tem nisso?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Alegria de mãe é cocô de filho....



Quando escutei essa frase também senti um misto de surpresa e vontade de rir. Afinal depois de tantas máximas que escutamos sobre a maternidade, ainda mais esta?
Mas entendo o porquê de um dia a pediatra do meu filho ter me falado isso.
Porque como mãe a nossa maior felicidadeé que a efusão ( estado geral) do pequeno esteja na mais tranquila normalidade. Isto inclui comer bem, fazer xixi e o mais problemático para alguns : fazer o cocô.
Sei que tem algumas mães que além de ficarem felizes que o filhote realizou suas necessidades fecais, ainda quer saber detalhes: quanto, cor , consistência e tamanho. Estava homogêneo? E quantas vezes foi ao banheiro também.
N a verdade mãe gosta de saber todos os detalhes do funcionamento do corpinho dos rebentos. Febre? Pavor na certa. Até descobrir qual foi o bichinho causador da elevaçào da temperatura....
E por ai vai... Dorzinha incômoda? Primeiro a gente passa a mão na tentativa de realmente termos poderes sobrenaturais quase de fada e sumir num passe de mágica.
Mas se a criança persiste na queixa, a gente pode jurar que preferia senti-la a ter que pesquisar e Deus me livre ser algo mais sério.
Sei também que mãe tem um poder imenso de barganhar com Deus as perebas dos filhos. Podia dar todas em mim mas que não desse no meu pequeno.
Na verdade tudo se resume em: mãe nenhuma gosta de ver o filho sofrer. Mesmo que hoje sofra de refluxo, de dorzinha de barriga, de dores de cabeça ou mesmo dor nas costas, essas dores um dia passam e as dores emocionais começam.
E a mãe continua a barganhar com Deus ao ver o filhote, rapagão ou rapariga, a sofrer por um coração partido, a tal dor do primeiro amor.
Pois é... Ninguém está livre da dor quer seja ela física ou emocional.
Mas cabe sim a mamãe já desde pequenininho, mostrar ao filhote que temos que conviver com elas, as vezes existem remedinhos que tiram com a mão , as vezes não...
E isso se ensina de pequeno, senão... corremos o risco de entrarmos juntos num terreno perigoso onde precisa se tomar algo ou fazer uso de alguma droga para aplacar aquilo que teima em doer....
Pra se pensar...

Sobre a arte de distorcer a imagem , uma fofa e os 115 quilos dela…






Sabe, tem hora que só um baque mesmo para a gente acordar e mudar o rumo da vida. Sim estou falando do meu sobre peso quase obesidade.







Foi assim:
Um dia nada belo, uma fofa bem fofa foi na minha casa e me viu numas fotos antigas, quando eu era mais magra. Logo surgiu o comentário inevitável que dirá com uma pitada de maldade: Nossa como você era magrinha!!!!
Então como se a boca não aguentasse e as palavras pululassem retruquei:
- É que ai eu tinha uns 60 e poucos quilos...
E a língua ferina continuou a mandar a maldade
- E hoje você tem uns 115?
- Não né? Ta louca? Foi o que disse prontamente.
- E quanto você pesa?
P uxa la vida que pergunta mais indiscreta que dirá para quem está olhando o quanto tinha o corpinho no lugar, e o quanto os hábitos inadequados contribuiram para que agora estivesse muito infeliz com minha morada.
- Hoje devo estar beirando os 80. E ponto . Vamos tomar um café? Ja engatei para mudarmos os ares e parassemos de falar sobre esse assunto que me atormentava desde que tive meu filho e nunca mais tive vontade, animo nem entusiasmo para persistir na dieta e no exercicico.
E o bote certeiro daquilo que chamo de maldição de gordo foi preciso:
_ o que? Você está com menos que eu? Achei que estava com 115 quilos.
Sorri bem amarelo , continuei encaminhando a gorda sem noção . E por ironia do destino ou conversa, ja estavamos na frente do espelho largo de casa, só olhei para nós duas e vi que ali não residia nenhuma semelhança de corpos. Realmente ela estava distorcendo sua imagem corporal, não eu.
Depois que ela foi embora, já passado o sufoco de tantas indelicadezas que escutei de uma pessoa insana afetada pela adiposidade da alma, realmente julguei que estava no mesmo caminho.
Porque ao me olhar no espelho me via magra e não no meu tamanho real.
Se ela foi indelicada ao me comparar a ela, que inocententemente me disse seu peso com a casa da centena já preenchida, foi o disparador para que eu fizesse algo por mim.
Morar em um lugar melhor, mais livre de pesos e de mal estar próprio de quem está fora do peso.
Comecei a dieta um tempo depois, mas já estva com o sinal de alerta ligado.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

um pouco de saudosismo...







A gente chegava em Pirangi de manhãzinha. E depois de cumprimentar a Lola e o vô Mário, ia correndo para a casa da Vó Nina, na verdade minha bisavó. Tia Zizinha, minha tia-avó já ia em direção ao guarda pão, pegar uma lata, cuja tampa estampava uma cena da caça as raposas, e tirava de lá uma deliciosa bolacha maizena. Ao fundo o fogão à lenha sempre aceso, com uma chaleira fumegando de água quente.



Logo atrás chegava minha mãe a procura do café e sentava naquela mesa de madeira, coberta sempre com uma toalha florida, e começava a perguntar como estavam todos por ali.
O café, já morno, mas feito naquela madrugada, ainda havia pó umido no coador de café. O meu golinho tomava da xícara da minha mãe, aquela de latinha pintada, que deixava um sabor inconfundível à bebida.


Era assim, as nossas doces visitas aos parentes em Pirangi. O quintal da Lola tinha um portaozinho para que as galinhas não escapassem. Lá , tinha a jabuticabeira Sabará, as mexericas e laranjas, o pé de figo e bananeiras ao fundo. Também cercado por dentro tinha a hortinha da Lola, com muitos vegetais crescendo sem veneno. No lado esquerdo havia o galinheiro propriamente dito, onde as galinhas podiam botar e chocar a vontade.
E era sagrado, nas férias de julho e dezembro passavamos longos dias de pé no chão, mexendo no barro e catando frutinhas pelo chão para fazer comidinha de faz de conta.


Na geladeira da minha avó Lola sempre tinha doces de fruta, carambolas, aboboras e figos.O licor de jabuticaba era o melhor da temporada, e ela deixava bicar um pouquinho só, afinal criança não podia com bebida alcóolica.
Quando estavamos enfadados de tanta coisa boa a fazer , lembravamos da leiteria, que era o local onde compravamos chocolates e chicletes para passarmos o dia mais doce. De lá ja ficava muito perto do jardim da igreja então ficavamos passeando pelos canteiros a cheirar os ciprestes verdejantes.

Tempo bom que hoje já nao existe mais.


Quando naquele domingo triste deixamos nossa querida Lola repousar no sono eterno, já sabiamos que por ali a alegria dos tempos de infância ficariam para tras também.
Junto com ela, se foi também os motivos para nossa ida a Pirangi. Ali acabara nossas vivências que agora estariam apenas em nossas lembranças mais doces, guardadas a sete chaves em nossos corações.

Côco ou Coca?




Um dia ensolarado de final de semana em Ribeirão Preto é o melhor convite para dar uma chegada ao parque da cidade, também conhecido de Curupira.


Chegando lá temos atividades para todos os gostos e tipos de atletas: desde correr na pista, para os mais preparados fisicamente, até caminhar tranquilos ou andar de patinete ou bicicleta para as crianças.

A natureza mesmo que "ajeitada" pelo homem ali foi generosa. Cravado em uma antiga pedreira, o parque é um charme no meio da cidade. Tem quedas d’água e lagos de todos os tamanhos, com tartarugas, carpas e peixes menores. Tem local para shows e sombras deliciosas que convidam a uma leitura, mediacão e mesmo um pic nic.
E após os exercícios exaustivos ou não , o parque possui também uma cantina em baixo de frondosas árvores para os visitantes aplacarem a sede e a fome.

E ai, vai querer côco ou Coca?







Pois é... com tanta natureza e convite ao saudável, o parque comercializa refrigerantes que nada combinam com o ambiente.
Não quero aqui ser a mais radical nem mesmo dar lições de moral geográfica já que um refrigerante em dias quentes quase sempre é bem vindo.


Mas o que me impressionou foi em meio a uma água de coco geladinha e um milho cozido, escutei um grande caminhão de refrigerantes subir uma esguia ladeira do parque para abastecer com litros e latas de refrigerante.

E o coco gelado , algo tão peculiar e saudável naquele dia estava acabando

Abastecimento do côco? Só semana que vem.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Intensivão de férias…




Meu filho tinha um ano e meio quando saimos para viajar nas férias. Nesta época ele falava cerca de dez palavrinhas.
Tá bom vai, mãe fonoaudióloga fica mesmo contando as intenções comunicativas do filho.

Apenas isso.

Porque ele, como qualquer criança também precisava de estímulo e muita falação no ouvido, literalmente.
Pois bem. Aproveitamos que estaríamos muitos quilometros dentro de um carro: papai, mamãe e filho para começar o intensivão de férias.
E lá se foi: Boi da cara preta, Borboletinha, A cobra não tem pé e outras até cansar a boca.
Paramos numa cidade praiana e as músicas mudaram para seguir o tema: Marinheiro só, Quem te ensinou a nadar, Jacaré passeando na lagoa...
Sei que durante esses dias sonhávamos a noite com as músicas de tanto que cantavamos com ele. Foi mesmo um estímulo intensivo.
Por fim , qual nossa surpresa, no último dia de férias,num restaurante ele sentadinho no seu cadeirão, e nós, casal, discutindo o pedido, nos distraímos dele.

Ele olhou para o garçom a postos com um dedinho bantendo na mesa :

- Dua coca...
Ele mesmo fez seu pedido. Percebeu a necessidade da comunicação oral e a gente ficou imensamente feliz por ter o objetivo alcançado.
E a viagem da volta, na cantoria já estávamos em tres vozes, ele a continuar os refrões e pedindo mais.

Em tempo:
Existe um prazo para a linguagem da criança deslanchar. Lógico que cada criança tem um tempo, que casa família tem um ritmo, mas deixar para depois o atraso de linguagem pode ser um terreno bem perigoso e com consequências que se arrastarão na escolaridade, na alfabetização.
A intervençào da família através de brincadeiras, cantorias, e muita conversa faz com que a criança inicie o processo de aquisiçao de fala e linguagem dentro dos limites da normalidade.

O verdadeiro sentido do NATAL


- O que você quer ganhar do PAPAI NOEL?
- Bala!!!!


A conversa terminou ai mesmo. Ele com seus 2 anos de idade sentado no colo do velhinho de barbas brancas e sem nenhuma visão de mundo quanto a pedidos estratosféricos, já tinha percebido que dali do saco do Papai Noel, naquele exato momento só sairia bala mesmo.

Mesmo porque Natal para ele era tudo o que envolvia o momento, não só o dia 25 de dezembro. Era as passeadas pelo shopping, era a cidade inteira decorada com luzinhas nas árvores e muitas decorações de Natal que iam de renas pastando na frente da farmácia até flocos de neve pululando em pleno verão de Ribeirão Preto.
Essa vivência que tive o prazer de testemunhar me parece um belo ínicio de conversa sobre o Natal e toda a parafernalia que envolve e que não esteja relacionada com o verdadeiro sentido deste.
Aliás, para quem já se perdeu em tantas bolas de natal verde e vermelha com detalhes em dourado e prateado, Natal é o nascimento de Jesus, nosso meigo Rabi da Galiléia que deixou ensinamentos profundos até hoje perpetuados.
Do mais: Papai Noel, Henas, Trenó, duendes, presentes enormes, castanhas , etc e tal já foi a humanindade que de tempos em tempos acrescentou aos costumes da época se perdendo o verdadeiro sentido.
As grandes ceias, com quatro ou cinco animaizinhos esturricados em cima da mesa, as vezes com uma maçã na boca, também foi sendo acrescentado.
Outro dia ao ver uma reportagem sobre o emprego de Papai Noel, mostrando a ardua rotina destes senhorezinhos que no final do ano ainda tem energia para vestir a roupa vermelha e branca do bom velhinho, a reporter fecha sua fala assim: e essa é a dura realidade da figura mais importante do Natal.
Quase cai da poltrona. Sério mesmo. Primeiro porque nem a repórter se lembrou que Jesus é O aniversariante, O motivo de comemorarmos o Natal. Depois que propagou aos quatro cantos deste nosso pais, ainda assim esse mote de que Papai Noel e tudo que vem atrás dele, é o mais importante.

Poxa. Que triste. Não fiquei nenhum pouco feliz com tudo isso.

Se meu filho ganha presentes? Ganha sim. E também mostro a ele os Papais Noeis pela cidade. Mas não deixo de explicar a ele o verdadeiro sentido da data. Sem falsos moralismos nem mesmo exageros. Apenas não desvirtuo a verdadeira essência desta data que remete ao nosso irmão Maior.