De um lado minha mãe falava com boca cheia: polenta com leite? Hum... que delícia que era comer isso na minha infância.
E a gente, eu e meus irmãos, tentavamos entender como se comia tal iguaria com leite a ainda mais pela manhã... Café da manhã...
Então ela se enchia de orgulho e contava...”Minha mãe fazia uma polenta grossa e firme , colocava numa forma, deixava endurecer. No outro dia ela esquentava o leite bem quentinho e cortava pedaços da polenta para comermos junto. Na época o pão era muito caro e éramos em muitos irmaos então minha mãe fazia era polenta no lugar de pão. Eu amava...”
Naquela época a situação era realmente diferente, não dá para se comparar com hoje, não passavam fome mas considerando que na família da minha mãe eram doze crianças. Ou seja deve ter sido bem difícil para meu avô paterno nutrir doze e minha avó.
Ela nunca chegou a fazer polenta com leite para nós. Mas vi ela comer muita polenta no leite quente e se esbaldar de tando que realmente gostava. Para ela, era uma agradável recordação de sua infância, onde via sua mãe preparando com carinho comida para todos.
Agora a outra história.
- “eu odeio polenta... Blaaaaahhh dizia meu pai quando via minha mãe fazendo uma polenta no jantar.
Mas porque pai? Perguntavamos na curiosidade de saber porque um amava e o outro odiava a tal polenta.
“Porque quando eu era criança minha mãe so fazia polenta no café da manhã. Quanta polenta comi na vida. Eu queria mesmo era pão, mas nao tinha então a gente comia era polenta com leite. Hoje eu não posso nem ver. De tanto que comi hoje não quero comer mais.”
E a gente ria que se matava, por ver suas caras e bocas ao falar : polenta.
Nesta circunstãncia sempre me chamou a atenção o quanto as coisas são tão dialéticas. Uma mera polente sucitava na minha mãe carinho aconchego e amor. Já no meu pai, que sempre foi meio “bocamelecia” era visto com asco e mesmo parecendo ter sido contrariado ao ter comido tanta polenta com leite.
Na vida as vezes vejo isso a se repetir em várias situações, corriqueiras que seja mas que nos chama a atenção. Por exemplo o frio, que uns amam e outros tem verdadeiro pavor. Ou a chegada do Natal, data muito especial porém para algumas pessoas é motivo de tristeza. Parece que realmente tudo esta relacionado com lembranças e vivências com a situação. Ter estado emocionamente ligado aquilo, positiva ou negativamente.
Para mim, polenta nem cheira nem fede. Mas me chama a atenção na mesma casa que vivi, pai e mãe ter tido experiências tão distintas em torno deste alimento.
rsrss
ResponderExcluiradorei!
tem tb o cheiro do pavio da vela queimando... pra mim é uma delícia! me lembra aniversário!
já pra minha amiga Geisa, ela odeia e diz q lembra velório!
rs