Minha mãe sempre nos contava essa história.
Que ela tinha uma tia, a tia Lavínia. E dentre tantas coisas: bordava como ninguém, ajudava minha avó quando tinha nenê, que á propósito teve doze, era mesmo uma abnegada... e o mais surpreendente: que ela não gostava de sorvete .Porém nunca tinha experimentado.
Pensava eu: tonta...
Com todo respeito a essa tia avó que nunca conheci, nem mesmo por foto, mas como não gostar de algo que nunca experimentou? E mais, se ela soubesse que sorvete era a coisa mais gostosa do mundo será que mudaria de idéia? Ou mesmo assim teria morrido sem ao menos experimentar tamanha orgia gastronômica?
Nesta mesma época que conheci a tia Lavínia-que-nunca-tinha-tomado-sorvete, iamos muito na famosa Sorveteria do Geraldo, bem perto da minha casa. E quase sempre com meus irmãos.Eramos clientes assíduos nas noites de verão ribeirãopretanas. Às vezes iamos buscar sorvete para tomar em casa, sentados na varanda conversando sobre amenindades.
E eu, como irmã mais velha pegando gancho na tia Lavínia, me gabava por ser a mais velha e a que tinha tomado mais sorvetes que meus irmãos. Nunca contei esse orgulho besta...Agora vão saber.
E também pegando carona na tia que não gostava de sorvete sem nunca ter tomado, mais que isso, hoje penso nas pessoas que não gostam dos sorvetes da vida, sem nunca terem provado.
Uma viagem de avião, um emprego novo,ou mesmo uma comida diferente.
Vão para o túmulo sem ao menos ousar algo bom. Talvez desconheçam por medo, por falta de ousadia ou mesmo por ter tido uma educação que nunca permitiu ser diferente.
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