quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Filé e Zeca

Filé e Zeca são dois cachorros de um grande hotel de Minas Gerais. Seriam apenas dois cachorros de hotel se não tivessem algo a ensinar a quem tivesse olhos de ver...




Filé, um labrador de quase 80 quilos, preto e castrado. Talvez por ser castrado ficou tão obeso. Se deitava escarrapachado próximo a uma parede , especialmente uma, a que passava a tubulação de agua quente, propositalmente para se aquecer.
Segundo conta a lenda, era um namorador de primeira, deixou filhotes por todas as paragens da redondeza. Mas andou levando uns cascudos por ai e resolveram castrá-lo.
Filé já sabia dos horários do restaurante do hotel. Se posicionava na saída, para ganhar pão de queijo e guloseima dos hóspedes de bom coração e das crianças que queriam desovar o presunto..
Um canino bonachão porém muito preguiçoso e bastante vagaroso devido seu peso. Desproporcional para um garanhão de outrora...A meu ver, sofria pela vida de prazeres da boa mesa apenas...







Zeca, um boxer esbelto, naturalmente mais novo que Filé e de cor caramelo.
Um cão andejo, de natureza desbravadora, gostava muito de acompanhar o grupo de hóspedes metidos a atletas pelas trilhas próximas ao hotel.
E foi numa destas trilhas que conheci um lado interessante de Zeca...
Passavamos por uma estrada de terra e Zeca sempre atrás para nos proteger. Num dado momento, cachorros da cercania, mais precisamente de um sítio local começaram a latir vorazmente deixando o grupo desconfortável com relação a segurança.
Zeca, tomou atitude de guardião se aproximou do cachorro líder do sítio, um pastor alemão nervoso que solto, continuava a latir. Nosso defensor não latiu, não avançou. Apenas olhou. Um olhar que entre cães deveria ter um grande significado. Os latidos foram cessando e continuamos nossa caminhada.
Mas algo ficou para mim, estudiosa que sou da comunicação e em especial da comunicação não verbal. Olhar. Como podemos dominar por um olhar, por um gesto.
E continuei a acreditar que cão que late não morde...

Um comentário:

  1. Um olhar pode confortar, espantar, acalmar, atrair... agora de olhos fechados para a vida tudo, com certeza, fica escuro e perdemos a oportunidade de sermos confortados, espantados para evitar problemas maiores, acalmados quando mais precisamos ou atraídos para algo que muitas vezes tanto esperávamos.
    Quem tem olhos pra ver e ouvidos pra ouvir, que o faça.

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