Pois bem. Nada bem. Já fazia noites e mais noites que um som alto, proviniente de um carro com um inútil passava perto do meu prédio por volta das 4 da manhã e me acordava. E eu ficava praguejando aquele infeliz que com tamanha insensibilidade deveria acordar outros moradores da redondeza.
Foram muitas noites assim, acordando e tentando dormir depois que a música alta, de mal gosto e estrondosa cessasse.
Uma madrugada eu me irritei tao profundamente que levantei , abri a janela e flagrei o trambolho que me irritava: uma caminhote com um ser dos mais pestilenciais. Consegui também ver que ele morava no prédio ao lado do meu, e consegui ver até onde ele guardava seu carro de som da madrugada. An otei mentalmente e voltei a deitar, porque dormir era demais impossível, estava a ferver de raiva.
O tempo foi passando e ou ele mudou do predio vizinho, ou mudou de hábitos ou meu sono ficou mais pesado.
O que posso referir é que não mais escutei o tal vizinho causador de insônia em mim e vários apartamentos ao lado.
Essa noite, num sobressalto acordei com a tal música alta, a música do vizinho infeliz, e resolvi que algo iria fazer.
Resolver aquele embrólio para mim e para o resto do condomínio que dirá os moradores do condomínio dele.
Era na verdade uma decisào de final de ano... Não aguentaria passar mais um ano acordando de sobresaltos toda noite. Ou ficar esperando a noite que ele passaria com seu carro de som.
Então fui até a guarita do meu prédio do barulhento assuntar.
- Você sabe me informar quem é o porteiro da madrugada do outro prédio?
- Sei sim senhora. Ele fica até as 8. Depois outro porteiro que pega.
-Pega? Como assim?
-Que pega no serviço.
Eram examente 7:30 da manhã. Dava para ir , a passos largos, perguntar sobre o tal barulhento da madrugada. No caminho fui ensaiando como iniciaria a conversa sem que pudesse ao menos levantar suspeita ou ser entregue pelo porteiro.
No meu imaginário fazia a idéia de um playboy baladeiro, que quando me acordava estava voltando das noitadas. E passava o dia todo a dormir para se recuperar dos Randevus que se submetia a ainda por cima deixavam todos os vizinhos com olheiras por dias e dias.
Cheguei na portaria. Respirei fundo e comecei:
-Bom dia! Gostaria de saber porque uma caminhonete chega toda noite com música alta.
- Ah, o dono dela coleciona broncas de todo mundo viu..
-Hunf.. me acorda toda noite...
-É que ele sai do plantão em Serra Azul, e para não dormir na estrada liga a música alta.
Neste momento me senti um lixo. Não, me senti meio lixo.
-Ele é médico? Qual especialidade?
-Ele trabalha de intensivista. Socorre pessoas que sofreram acidentes na estrada.
- E morre de medo de morrer nela também ne?
-É. Por isso que vem com a música no talo. Pra não dormir.
-Então deixa um recado pra ele?
-Pois não. Mas só vou entregar quando ele acordar tá? Senão to enrolado...
-Deseje a ele um Feliz Ano Novo!E pergunte e a ele se não dá para escutar a música de janelas fechadas pelo menos...
-Falo sim. Mas ele fica de janelas abertas mesmo porque além de não ter ar condicionado , o vento batendo na testa é mais uma ajuda para não dormir!
-Então tá.Feliz Ano Novo pra ti também!
E sai de lá com outra visão sobre os meus despertares. Desta vez um pouco mais disperta. Para os motivos que cada um tem para agir.
Agora sei porque gosto tanto das suas postagens: te conheço mais em cada uma delas, e gosto cada vez mais de ser sua amiga Sá.
ResponderExcluirNas entrelinhas desta crônica pude ler: Amor ao Próximo.
A vida do próximo teve mais valor que suas horas de sono interrompidas... Só mesmo conhecendo mais as pessoas aprendemos a amar, e toda ira se desfaz com esse sentimento maior.
MAis uma vez: seus pensamentos e atitudes fizeram a diferença.