sábado, 7 de maio de 2016

Cafézinho

Tributo a mãe ausente ( fisicamente)

Quem tem mãe no segundo andar vai me compreender. Difícil passar pela data do dia das mães sem escorrer nenhuma lágrima pelo rosto. Além da saudade, a mídia é pesada e nos envolvemos com os comerciais de mães, as reportagens e mesmo as músicas são as escolhidas a dedo para nos emocionar.
Mas, é  movimento da vida que os mais velhos partem primeiro. Assim a gente espera. Mas nunca achamos que esse dia vai chegar. E quando nos vemos sem mãe, fisicamente falando, as coisas mudam de figura.
Falo do fisicamente apenas pois depois de minha mãe ter falecido, sempre me referia : hoje não tenho mais mãe.
E ai sonhei com ela. Sempre sonho. Sonhos tristes, sonhos saudosos, sonhos pesados. Mas neste sonho em específico ela me deu um recado:
- Não fale que você não tem mais mãe. Eu apenas não estou aqui fisicamente.
Acordei num sobressalto e com a orelha   quente...
Então  mudei meu discurso. Hoje não uso mais essa frase. E no coração , reaquecido, muitas vezes ou quase o tempo todo sua voz é viva, seus melhores e maiores ensinamentos ainda estão guardados no coração e sempre me salvam, me acalentam e me alertam dos perigos da vida.
A vida segue. Hoje sou mãe, e quando faltar, que sei que um dia irei, quero que meu filho assim também se porte.
Porque temos mãe, apenas não estão conosco fisicamente!!!


domingo, 13 de dezembro de 2015

Gato Mia




Quatro da madrugada
Gato  chama
Gato para dentro
Pula pra cama

Mia gato
De noite de dia
Cade o gato?
Gato na Pia

Cai a noite
Gato irado
Casa fica
Um campo minado

Gato não mia
Gato calado
Procura o gato
Gato no mato

Bom dia de gato
Família acordando
Nas pernas roçando
Gato  ronronando

Gato com fome
Gato mia
Cadê a comida
Na minha bacia?

Mia gato
Gato sumido
Procura o  gato
Gato dormindo

Compras na caixa
Gato atento
Cheira, olha
Pula dentro

Gato esperto,
Gato alerta,
Ops deixaram,
Uma gaveta aberta


Vida de gato
Não tem escapatória
Acaba virando
Uma linda história








segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Meu gato, seu passarinho.



Prezada  Vizinha da Casa do Passarinho,

 

Meu gato por descuido ou por instinto descobriu que você tem um passarinho.  Pelo cheiro ou pelo canto dele. Temo que aconteça o pior. Mas já vou adiantando, que não por minha culpa ou incentivo. Por pura curiosidade do meu bichano ao sentir passarinho na gaiola.

 

Imagino o quanto tem bem querer pelo seu cantorzinho.  Deve ter ganhado o filhote, ou comprado ou mesmo resgatado caído de um ninho em árvore.  A gente vai carinhando tanto o bichinho que chegamos a ter amor por ele... imagino que assim o tenha pelo seu .

 

Também tenho apreço pelo meu bichano.

 

Moe é dócil e castrado.  Está conosco desde 2013 quando adotamos ele pelo Facebook. Sim,  ele é um gato desta era, todo digital e moderno.


Vimos  Moe pela internet e meu filho ficou apaixonado. Quase nem dormiu a noite porque queria um bichinho para cuidar. No outro dia fui buscá-lo e nunca mais nosso lar foi o mesmo.

 
Tanto nas alegrias como nas alergias.


Dois frascos de antialérgicos meu filho tomou após Moe ir pra casa.  Eu tive coceira e meu marido quebrou o dedão ,  porque quase pisou no gato.

 

Mas as alegrias são imensas também.  Animalzinho em casa muda o clima.  Tem sempre o queridinho esperando a gente chegar, mas não com festa.  Festa quem faz é cachorro. Gato chega e se enrosca em nossas pernas, passa o rabo todo lampejo para liberar seus ferormônios e demarcar território.

 

Aprendi que  gato tem  amor maduro. Tem certeza que sempre será amado e não pede ou implora por ele.

 

Quem me ensinou a gostar de gatos foi minha avó. Sempre tinha um em sua casa. Gatos e vovós combinam. Assim como vovós e tricots. Bom, combinava. Hoje já está tudo diferente.
 
Depois tivemos muitos gatos em casa, quando eu era criança.  Sumia um , arrumávamos outro. Era verdadeira saga esperar meu pai escolher o nome ilustre para o novo gato:  Galileu, Toulouse, Garibaldi e Beremis, foram mais que personagens famosos da História, foram gatos que personificaram em nosso lar.

Mas enfim.  Meu gato tem um lugar especial em nossa casa e em nossos corações. Assim como seu passarinho.

Cara vizinha, nem te conheço. Nem sei seu nome e nem mesmo qual casa mora. Apenas sei que são algumas para baixo da minha, ao fundo. Mas sei que deve ser amorosa com bichos e que não quer que nada de ruim aconteça com o seu.

Mas toda noite ao fazer minha prece, faço dois desejos: que meu gato não pule no seu quintal e que em pulando, encontre barreiras para não maltratar seu passarinho. Que o seu passarinho esteja em um lugar bem seguro longe das garras do meu gato.

E que possamos continuar a sermos apenas vizinhas, que um dia possamos nos cumprimentar nas idas e vindas da vida sem mágoas nem ressentimentos.


Desejo vida longa ao seu passarinho . Que ele chegue ao fim da vida bem velhinho. Que não tenha nenhuma cena de crime em sua varanda.

Desejo também  que meu gato, preto,  seja nosso xodó pra sempre, e não um malvado aniquilador de penas no chão.

Era isso.

Cordialmente
 

Vizinha da casa do gato preto.

 

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Para uma estrelinha... a mais brilhante do céu


 

Minha querida... mamy da minha vida. Meu primeiro amor...

Quanta coisa aconteceu desde a sua partida... Quanta água passou embaixo da ponte das nossas vidas.

Hoje sem lagrimas nos olhos consigo falar contigo e de você com aquela saudadinha gostosa que tanto a tia Corina me havia avisado.

Como você é querida.  Se já sabia apenas confirmo,  se não te aviso com todo o carinho... você deixou saudades e grandes aprendizados.

Algumas  vezes me revoltei e até briguei contigo em pensamento pois não avisastes que iria tão de supetão.

Alías foi de puft... a hora que vimos puft você já tinha se desligado do plano físico.

E  deixou os  cabelos loiros desbotados para nunca mais eu passar tinta e fazer minhas experiências de loiro médio, loiro dourado , so não compraria mais o loiro cebola...

Você tem mais duas netinhas fofas, que  justamente no momento de dor  da sua ausência elas apareceram para mostrar que a vida é feita de ciclos e uns vão  enquanto outros chegam...

Mas você não era  uns.. você é minha mãe... e mãe a gente sente um buraco tão grande no coração que parece que nunca mais a vida teria colorido. Mas  a sabedoria divina nos permite chorar por um ano... ou um pouco mais. Depois elaboramos e tudo vai sendo continuo e apenas as boas lembranças e a marca pessoal fica.

E quanto me descobri parecidinha contigo. E o quanto suas crenças e ensinamentos me salva, me protege e acende meu alerta quando corro perigo.

Na verdade parece que você foi cedo demais. Mas até nisso vejo a bondade de Deus... Você não sofreu fisicamente.  Foi embora como um passarinho.

Aqui ficamos com sua saudade interminável que piora em datas especiais mas estamos todos  mais fortes ,  maduros e confiantes no amor de Deus.

Você mais que ninguém conseguiu nos trabalhar na doutrina espírita e sempre pensar no bem, no bom e no correto.

E por isso e muito mais  sou eternamente grata . Primeiramente por ter sido minha mãe por trinta e poucos anos e por me  educar na vida reta e digna sempre nos ensinando a ter índole e postura  diante da vida.

Quer o que sinta onde estiver o meu amor minha gratidão e minha certeza que nunca esmorecerei diante da vida.

Assim como você era.  Assim como você é, viva na minha lembrança.

Com amor...                                                                                                    Loirinha

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

As flores do meu caminho...


 

Ela se abaixou, escolheu a flor mais linda que estava caída no chão, retirou uma pétala e começou a dedilhá-la.

-  Gosto de sentir como é macia, isso me distrai.

E  continuamos nossa toada firme  da  caminhada matinal.

Minha amiga tinha batizado de caminhada terapêutica. E de fato era mesmo, pois ali falávamos do nosso dia a dia, dividíamos, aconselhávamos, ouvíamos uma a outra com o coração aberto. Sentimento fraterno.

Agora nosso caminho era florido.  Tanto  na avenida,  quando observávamos muitas arvores dando sua melhor florada. Mas já havíamos passado longos períodos de  caminhos pedregosos.  Hoje podíamos respirar , mesmo que não aliviadas totalmente , mas agradecer o aprendizado que ficou de tão árdua experiência com a saúde fragilizada dos filhos.

Duas amigas, duas vidas, histórias,  gostos e peculiaridades tão distintas. Mas que se cruzavam na amizade , na troca afetiva de poder contar uma com a outra nos momentos mais difíceis.

Nem sempre nossos caminhos são fáceis, a medida que a vida vai passando novos desafios vão surgindo, problemas mesmo que corriqueiros nos tiram o sono e mesmo aquele sorriso fácil no rosto.

Muitas vezes não somos agraciados por ter familiares próximos ou mesmo as circunstancias não permitem ter convivência do jeito ou seja em abundância.

Eis que surgem as amizades, assemelhando a  flores no caminho. Enfeitam, embelezam e trazem lindas mensagens.

Ter a oportunidade de estabelecer  amizades sinceras,  despretenciosas, fundamentadas no que existe de mais puro, a fraternidade, são como balsamo para dores da alma, Oasis para uma alma sedenta de ser ouvida ou mesmo confortada  e dão o colorido, que só uma florada pode oferecer.

Também considero que as pedras no meu caminho só são menos duras e pontiagudas porque junto delas sempre tem uma touceira florida, oferecendo pausa para a aridez do caminho.

De fato, viver problemas dos mais simples aos mais intricados, pode ser fácil aos olhos de quem está apenas observando. Mas estar no problema, ser a personagem de algum drama, é avassalador.

E somente as flores no caminho podem amenizar esse drama, flores como a amizade...

 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Um flamboyant,coisas simples da vida e saudades do meu Vô Mário

 
 
 
- Menina vem ver isso...
Tratou logo de colocar minha tia Maria José no seu 147 e foi logo pegando a estrada de terra. Isso ela me contando entre um assunto e outro. Meu avô andou umas léguas e logo chegou numa propriedade onde um lindo Flamboyant estava florido. Era dezembro, data que essas espécies gostam de se reservar para florir no Natal. E ela, sua nora , estava em Pirangi a passeio. Visita de final de ano, passar as festas juntos todos.
E parado, há alguns metros de distância, ficou a observar a linda cena que não vi, mas sinto gravada na alma.
Ele, magro, barba por fazer, óculos de armação de tartaruga, roupa suja de graxa, vindo da sua oficina especialmente para mostrar a norinha paulistana uma beleza rara, difícil de encontrar em cidade grande.
O flamboyant, largo, frondoso, espalhando sua copa laranjada com laivos de amarelo por todo lado, enconstado quase numa cerca de propriedade rural.
E ela a admirar tanto o flamboyant, quanto a sensibilidade do sogro que na maioria do tempo se mostrava fechado, misterioso e calado.
Meu avô era assim. Trupé para os amigos, vô Mário para nós seus netos.
Um exímio mecânico, de tratores inclusive, tinha personalidade forte. Já expulsou um camarada do seu jipe porque tinha dado a escassa safra de grãos para a igreja, deixando bocas famintas sem o que comer...Já jogou cardãs ou teve a intenção diante de elouquentes faladores de borracha.
Já sujou de graxa meu nariz, brincava rápido com minha irmã nenê ou chamava meu irmão para ver uma peça na oficina.
E de pequenas coisas que sabíamos dele, muito era pelo meu pai ou tios. Ele mesmo era um mistério. De poucas palavras, depois do almoço saia a dar sua volta pela cidade. Não gostava de despedidas e dormia cedo.
...
As pequenas coisas, as mais simples escondem a real beleza.
Uma árvore que floresceu, uma ninhada de bicho ou um por do sol tem uma verdade que toca aqueles que tem olhos para ver e coração para sentir.
Pequenas coisas, as mais belas... momentos em família. Festas de Natal, infância vivida descalça e no meio da rua. A brincar, a correr...

O tempo é pontual. Pega pelo braço quando nosso tempo acaba.
Meu avô,  minha mãe,  minha avó...