Na
lista dos meus afazeres daquela manhã só faltava um item. Eu precisava comprar
corda para meu gato afiar as unhas. O sofá de casa já estava puído e o puff
todo furado com as unhas do bichano.
Nada melhor que o Mercado Municipal da cidade para achar tão especifica
mercadoria.
Entrei
e logo fui perguntando:
-
Onde acho corda?
-No
armazém do último corredor. A direita.
Quando
cheguei no armazém, tinha uma senhora esperando para ser atendida.
- Veneno para rato, disse em tom melancólico e
sem olhar para o atendente.
O
que uma senhora tinha de tanta mazela na vida pra pedir veneno de rato numa
linda manhã de segunda-feira? Logo o Natal se aproximaria, as movimentações
típicas de final de ano, a lista de desejos de um ano melhor, o coral com
músicas de Jesus.
-E a
senhora? Perguntou em seguida o atendente para mim.
- Quero corda.
Neste
momento me senti sendo julgada também. Porque neste momento a senhora que antes cabisbaixa, levantou a cabeça, olhou bem nos meus olhos e disse:
- Tá
difícil né?
-
Tá! Respondi pensando no gato que estragara muitas coisas em casa e agora
ganharia um brinquedo envolto em sizal. Mas logo pensei que ela estava se
referindo aos problemas da vida e encontrara consolo no meu pedido , de dar
cabo com uma corda aos problemas.
- O gato está acabando com minha poltrona.
-
Ah, comigo são essas pestes. Alias, vou levar também veneno pra formigas.
Aquelas pequenininhas, sabe?
Neste
momento abrimos um sorriso e o equívoco que ambas pensaram se desfez.
Estávamos
apenas a buscar solução para os problemas corriqueiros da vida. O Natal se
aproximava de fato, já podia se ver os motivos natalinos de louça e feltro pelas lojas. Coincidência
ou não neste momento ligaram o som do ambiente
e acordes suaves invadiam nossos ouvidos. Talvez trazendo a
mensagem que ter fé na vida e acreditar mais nos céus.
Enfim
, era Natal!
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