quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Dando corda para a imaginação


Na lista dos meus afazeres daquela manhã só faltava um item. Eu precisava comprar corda para meu gato afiar as unhas. O sofá de casa já estava puído e o puff todo furado com as unhas do bichano.  Nada melhor que o Mercado Municipal da cidade para achar tão especifica mercadoria.

Entrei e logo fui perguntando:

- Onde acho corda?

-No armazém do último corredor. A direita.

Quando cheguei no armazém, tinha uma senhora esperando para ser atendida.

-  Veneno para rato, disse em tom melancólico e sem olhar para o atendente.

O que uma senhora tinha de tanta mazela na vida pra pedir veneno de rato numa linda manhã de segunda-feira? Logo o Natal se aproximaria, as movimentações típicas de final de ano, a lista de desejos de um ano melhor, o coral com músicas de Jesus.

-E a senhora?  Perguntou  em seguida o atendente para mim.

-  Quero corda.

Neste momento me senti sendo julgada também. Porque neste momento a senhora  que antes cabisbaixa, levantou a cabeça,  olhou bem nos meus olhos e disse:

- Tá difícil né?

- Tá! Respondi pensando no gato que estragara muitas coisas em casa e agora ganharia um brinquedo envolto em sizal. Mas logo pensei que ela estava se referindo aos problemas da vida e encontrara consolo no meu pedido , de dar cabo com uma corda aos problemas.

-  O gato está acabando com minha poltrona.

- Ah, comigo são essas pestes. Alias, vou levar também veneno pra formigas. Aquelas pequenininhas, sabe?

Neste momento abrimos um sorriso e o equívoco que ambas pensaram se desfez.

Estávamos apenas a buscar solução para os problemas corriqueiros da vida. O Natal se aproximava de fato, já podia se ver os motivos natalinos  de louça e feltro pelas lojas. Coincidência ou não neste momento ligaram o som do ambiente   e  acordes suaves  invadiam nossos ouvidos. Talvez trazendo a mensagem que ter fé na vida e acreditar mais nos céus.

Enfim , era Natal!

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