quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Sobre medalhas, comportamento e uma boneca careca.
No primeiro semestre meu filho de cinco anos foi um aluno exemplar, de tão bom comportamento que ao retornar as aulas em agosto recebeu uma medalha de primeiro lugar!
Todo orgulhoso exibia o emblema no peito colado com fita adesiva. Andou com a tal medalha por alguns dias e logo depois esqueceu.
Confesso que ao saber que estava concorrendo ao primero lugar tive lá minhas dúvidas sobre como seria a turma toda, pois que sei bem quem é meu filho, suas manhas e seus achaques de teimosia e impetuosidade.
Mas por outro lado pensei, uma vez que em casa não se comporta tão bem, que bom ter um procedimento exemplar na classe, sinal que estou no caminho certo ao repreender e ensinar-lhe noções de civilidade mesmo que seja para aplicá-la no jardim da infância.
O primeiro lugar no ranking dos anjinhos não durou muito, e passado um mês fui chamada à escola visto que o primeiro lugar estava perigando ser perdido.
Isso mesmo, aquele eu julgava ser bom menino estava prestes a mostrar suas garrinhas de gavião fanfarrão e mal intencionado no quesito travessuras como sempre o vejo.
Sim, ao se considerar que tem de idade, apenas uma mão cheia de dedos, é pequeno, mas nós os pais, já conseguimos enxergar a personalidade singular deste pequeno ser humano que estamos criando e com o qual convivemos.
Minha admiração pela medalha agora estava ameaçada pela “travessura saudável”, assim ilustrada pela professora que me contara exatamente o que o pequeno levará a efeito.
Pegou uma boneca de cabelos longos da sala de aula, entrou embaixo de uma mesinha, e mandou bala nos cabelos da própria , deixando a quase careca.
Ao ser surpreendido pela professora, e alertado que estava prestes a ganhar o “X” na lousa, encabeçando a lista de mal comportados da sala, ele enfatizou:
- Eu quero ganhar o xis.
Lógico que fiquei deveras decepcionada. Afinal o garoto virou a casaca, mudou de time e agora queria ser o mais popular, com o nome cheio de “X” de tanta farra e traquinagem.
Ao questioná-lo em casa sobre seu censurável comportamento, digno de ser reprovado, tambem recordando que a medalha do segundo semestre não mais seria dele, eis o que respostou:
- Não quero ganhar mais medalha. Ela era de papel. Pra mim medalha verdadeira é de ouro ou prata .
E o que dizer depois desse original argumento, uma vez que, para os meninos e as meninas destes novos tempos, medalha reluz e não se rasga?
Fica aqui, uma singela observação de que medalha é a personificação do esforço. E neste ingênuo e inusitado evento, visto pela ótica do meu filho, era mais original e gratificante, encabeçar a lista dos mal comportados, com seu nome em primeiro lugar, do que uma efêmera e inconsistente medalha de papel!
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